Marcelo Rabello dos Santos, Egresso do Programa de Pós-Graduação Psicologia e Saúde da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
Estudos recentes sugerem que o cérebro mantém sua plasticidade ao longo da vida. O envelhecimento não pode mais ser visto como um processo que conduz a incapacidade para novas aprendizagens e prejuízos cognitivos irreversíveis. Seria a prática musical capaz de produzir benefícios cognitivos ou pelo menos contribuir na redução do declínio cognitivo normalmente observado durante o envelhecimento? O artigo “Efeitos da improvisação musical como intervenção cognitiva e motora para idosos”, publicado no periódico Estudos de Psicologia (Campinas, vol. 38) abordou os efeitos da música sobre o funcionamento executivo e motor de idosos saudáveis.
Num estudo randomizado, uma intervenção baseada em exercícios de percussão e improvisação foi comparada a uma atividade de canto coral na região metropolitana de Porto Alegre. Participaram do estudo 37 idosos que tinham mais que 60 anos de idade e foram separados por sorteio em dois grupos. Um grupo participava de oficina de improvisação musical empregando instrumentos de percussão, o outro participou de atividade de canto coral.
Um conjunto de avaliações neuropsicológicas e motoras foi aplicado antes e depois das atividades musicais por uma equipe multidisciplinar. Os resultados sugerem que o grupo que realizou a oficina de improvisação musical obteve ganhos nas funções executivas que são processos cognitivos importantes que envolvem, por exemplo, o planejamento das atividades diárias. Contudo, quando se trata de atenção – outro importante e mais conhecido processo cognitivo – os resultados sugerem que ambos os grupos saíram ganhando.
O cenário atual de aumento da idade da população mundial requer o desenvolvimento de estratégias que ajudem a preservação da saúde mental e cognitiva. As informações obtidas neste estudo permitem recomendar que a prática de atividades musicais, em especial de improvisação musical, pode contribuir para atrasar o declínio cognitivo típico do envelhecimento.
A seguir, ouça o podcast de Marcelo Rabello dos Santos e Monique Siebra Krug apresentando maiores informações sobre a pesquisa.
Referências
DOIDGE, N. O cérebro que se transforma. Rio de Janeiro: Record, 2011.
NERI, A. L. and YASSUDA, M. S. Velhice bem-sucedida: aspectos afetivos e cognitivos. Campinas: Papirus, 2004.
PERETZ, I. and ZATORRE, R. J. The cognitive neuroscience of music. Oxford: Oxford University Press, 2003.
Para ler o artigo, acesse
SANTOS, M. R. dos, et al. Effects of musical improvisation as a cognitive and motor intervention for the elderly. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2021, vol. 38, e190132, ISSN: 1982-0275 [viewed 15 September 2020]. DOI: 10.1590/1982-0275202138e190132. Available from: http://ref.scielo.org/vtb8qr
Links externos
Estudos de Psicologia (Campinas) – ESTPSI: www.scielo.br/estpsi
http://www7.ufcspa.edu.br/index.php/paginas-de-professores/6103-alcyr-alves-de-oliveira-phd
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