Uso do conhecimento científico para autogestão dos riscos demanda novas formas de prevenção contra Aids e DSTs
Homens que fazem sexo com homens (HSH) em parceria casual fazem uso do conhecimento científico sobre Aids para gerir os riscos implicados em práticas sexuais sem preservativo. Ou seja, cada vez mais, as pessoas desenvolvem suas autonomias, apropriando-se de informações cientificas e compondo maneiras próprias de se arriscar frente às DSTs e HIV/Aids. Esse é um dos principais achados do artigo publicado no periódico Interface: Comunicação, Saúde e Educação, pelo pesquisador George Moraes De Luiz, da PUC/SP.
O autor afirma que a aproximação dos HSH com a produção científica sobre HIV/Aids “tem se dado, sobretudo, por meio da escola, das organizações não governamentais, da mídia generalista (TV, jornais, revistas), médicos, internet, periódicos científicos, parceiros sexuais, farmacêuticos e anais de infectologia.”
O artigo, que foi baseado em um longo processo de entrevistas, salienta que tais estratégias seguem, na maioria das vezes, uma lógica racional, individual e não reproduzem o modelo adotado nas políticas de prevenção do governo brasileiro. As informações advindas de fontes estrangeiras são vistas, pelos participantes da pesquisa, como mais confiáveis e significativas em relação às brasileiras. Segundo o pesquisador, isso se deve a crença dos entrevistados de que “os debates no exterior são mais francos, abertos, enquanto aqueles que ocorrem no Brasil prezam pela cautela na divulgação de informações que ainda estão em fase de estudo”.
Acrescenta que, na abordagem argumentativa dos homens entrevistados, misturam-se diferentes aspectos contemplados pelas políticas públicas: profilaxia pós-exposição sexual (PEP) e a correlação entre carga viral e possibilidade de infecção. Outros argumentos apontados, embora tenham bases científicas, não são referendados pela instância governamental, como a Tabela de Risco (elaborada pelo Centers for Disease Control and Prevention dos EUA), um estudo suíço sobre a possibilidade de transmissão do HIV estar associada à carga viral e a diminuição do risco pela circuncisão.
O estudo, intitulado “O uso da argumentação científica na opção por estilos de vida arriscados no cenário da aids”, contribui para o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção às DST e à Aids entre a população de HSH. Ressalta a importância da discussão deste assunto por todos os segmentos envolvidos no debate das políticas públicas de combate à Aids.
Para ler o artigo, acesse
LUIZ, George Moraes De. O uso da argumentação científica na opção por estilos de vida arriscados no cenário da aids. Interface (Botucatu) [online]. ahead of print [cited 2014-01-23], pp. 0-0 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832013005000025&lng=en&nrm=iso>. Epub Nov 26, 2013. ISSN 1414-3283. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832013005000025.
Link relacionado
Interface – Comunicação, Saúde, Educação – <http://www.scielo.br/icse>
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