O matemático como ponto fora da curva

Por Kaizô Iwakami Beltrão, professor da EBAPE/FGV e consultor estatístico da Fundação Cesgrario, Rio de Janeiro, RJ, Brasil e Mônica Cerbella Freire Mandarino, Fundação Cesgrario, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

ensaio_logoA época atual, com a Matemática no Brasil vivendo um momento de euforia com o recebimento da medalha Fields por Artur Ávila Cordeiro de Melo, é bem apropriada para uma reflexão sobre o campo da Matemática e das políticas públicas referentes a essa área. Esse é o objeto do artigo “Evidências do Enade – Mudanças no perfil do matemático graduado”, escrito por Kaizô Iwakami Beltrão e Mônica Cerbella Freire Mandarino e publicado no número 84 da Revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação. Os resultados desse estudo indicam que formamos menos professores de Matemática do que a oferta de vagas possibilitaria e que os concluintes desses cursos possuem, em média, baixa afluência socioeconômica. A melhoria desse quadro é fundamental para superar a baixa proficiência em Matemática da maioria dos estudantes brasileiros, muito distante do nível de excelência de Artur Ávila.

No artigo, os pesquisadores apresentam um diagnóstico da evolução da oferta de vagas, do perfil dos concluintes e sua colocação no mercado de trabalho. O estudo revela que o aumento da oferta de vagas não foi acompanhado por uma maior procura de formação na área. Além disso, o desalento durante o curso é grande e, historicamente, a razão entre o número de matrículas e de concluintes é baixa.

Para posicionar os matemáticos num contexto maior, foi realizada uma descrição do perfil socioeconômico de todos os concluintes das áreas que realizaram o Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes do Ensino Superior) de 2004 a 2012. A análise revela que os concluintes de Matemática estão entre os que possuem, em média, menor afluência socioeconômica dentre as áreas de conhecimento avaliadas pelo Enade. Existe também uma diferença entre os graduados em bacharelado (que, em princípio, não pretendem exercer a docência no Ensino Básico) e em licenciatura, estes últimos ainda menos afluentes. Por fim, o Censo 2010 permitiu detectar que o magistério é a carreira da maioria dos matemáticos, principalmente os do sexo feminino, mas também mostra que muitos atuam em atividades de nível médio ou não afins com a área.

Para chegar a tais resultados, os pesquisadores utilizaram os dados do Enade disponibilizados pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e do Censo Demográfico 2010, coletados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para ler o artigo, acesse:

BELTRAO, K.I and MANDARINO, M.C.F. Evidências do ENADE – mudanças no perfil do matemático graduado. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. [online]. 2014, vol. 22, nº 84, pp. 733-753. [viewed December 18th 2014]. ISSN 0104-4036. DOI: 10.1590/S0104-40362014000300007. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40362014000300007&lng=pt&nrm=iso

Link externo:

Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação- <http://www.scielo.br/ensaio>

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

O matemático como ponto fora da curva [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2014 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2014/12/29/o-matematico-como-ponto-fora-da-curva/

 

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