O autismo como condição humana

Editoria Executiva da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – Inep, Brasília – DF, Brasil.

Autismo: condição humana ou apenas um conjunto de deficiências? O artigo Autismo na escola: da construção social estigmatizante ao reconhecimento como condição humana, publicado na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (vol. 103, no. 264), é de natureza teórica, corrobora o reconhecimento do autismo como condição humana em contraposição à sua representação como um conjunto de déficits estigmatizantes.

A discussão sobre o autismo ocorre há várias décadas e a novidade deste ensaio está no seu entendimento como condição humana – ao invés de um conjunto de deficiências no desenvolvimento. O artigo reúne fundamentos sobre alteridade e intolerância, acentua a reflexão referente a falsas neutralidades e imparcialidades, bem como o direito à voz de outras razões que não as hegemônicas. Para tanto, centra-se nos estudos sobre a condição humana e o pensamento alargado de filósofa alemã Hannah Arendt; nas apreciações acerca de comunicação entre diferenças e justiça social que emergem da obra da americana Iris Young; na perspectiva relacional e humanizante presente na obra do brasileiro Paulo Freire; e na compreensão de dentro do próprio autismo apresentada pela psicóloga americana Temple Grandin.

Várias mãos segurando diferentes peças de um quebra-cabeças

Imagem: Adobe Stock

Constata-se, pelo texto, que colocar em prática uma escuta educativa, implicada em compreender o autismo como condição humana, tanto quanto a análise – crítica, constante e conjunta – de discursos que negam a capacidade de pessoas autistas de participar em condições de igualdade da vida social, cultural e política, pode consolidar o verdadeiro encontro, aprendizado e crescimento humano na pluralidade.

Ao fim, os autores defendem que nos cabe compreender a forma como pessoas autistas se sentem, (re)conhecer suas potencialidades e investigar que tipos de instrumentos precisamos providenciar para garantir a comunicação recíproca e o progresso – delas e nosso – como seres humanos e na relação social.

Referências

ARENDT, H. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 51. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015

GRANDIN, T.; PANEK, R. O cérebro autista: pensando através do espectro. 6. ed. Rio de Janeiro: Record, 2017.

YOUNG, I. M. Comunicação e o outro: além da democracia deliberativa. In: SOUZA, J. (Org.). Democracia hoje: novos desafios para a teoria democrática contemporânea. Brasília: Universidade de Brasília, 2001.

Para ler o artigo, acesse

SANTOS, R.V., MACEDO, E. and MAFRA, J.F. Autismo na escola: da construção social estigmatizante ao reconhecimento como condição humana. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos [online]. 2022, vol. 103, no. 264, pp. 466-485 [viewed 16 November 2022]. https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.103i264.510. Available from: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/JSGZmmfYRmnxkjd5Q8Ckzcx/# .

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

RBEP. O autismo como condição humana [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2022 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2022/11/16/o-autismo-como-condicao-humana/

 

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