Rosalia Duarte, Professora associada da PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Germaine Dulac é uma das muitas mulheres subestimadas pela história do cinema. Ainda que a ela sejam atribuídos o primeiro filme impressionista do cinema francês e um dos primeiros filmes assumidamente feministas da história do cinema, é ainda pequeno o reconhecimento do papel desempenhado por ela na criação de uma estética visual que subverteu os padrões artísticos e narrativos do cinema dos anos 1920, com estratégias técnicas extremamente originais (DULAC, 1994).
As autoras, Rosália Duarte e Milene Gusmão, no artigo “Representações de Mulher na Pedagogia Visual de Germaine Dulac”, publicado no periódico Educação & Realidade (v. 44, n. 2), tomam como base escritos da diretora e dois de seus filmes mais importantes, “La souriante madame Beudet” e “L’invitation au Voyage” e discutem, à luz do debate sobre as relações entre cinema e educação, o modo como Germaine Dulac concebeu e desenvolveu sua pedagogia visual, na abordagem da condição feminina. Em diálogo com textos que analisam representações da mulher no cinema, as autoras argumentam que, fazendo um uso inédito de certos recursos da gramática cinematográfica, a diretora abordou o feminino por ângulos até então inexplorados pelo cinema. Analisam, também, o papel desempenhado por ela na gênese do movimento cineclubista francês. Nas palavras das autoras:
Legenda: La souriante Mme Beudet é considerado o primeiro filme feminista da história do cinema
“A trajetória dessa diretora e de seus filmes feministas nos remete a questões contemporâneas, que envolvem a luta das mulheres na indústria cinematográfica contra o assédio sexual, pelo reconhecimento, ainda hoje, de seu lugar como realizadoras e por modos alternativos de representação do corpo, da vida, dos pensamentos e da subjetividade femininos. Atualizar o pensamento de Germaine Dulac, quase um século depois, significa, entre outras coisas, estabelecer uma luta contra o muro do esquecimento do engajamento feminino no mundo do cinema. Diz respeito, também, à maneira como, em um tempo de produção excessiva de imagens, as relações entre cinema, audiovisual e processos de formação adquirem ainda mais relevância” (DUARTE; GUSMÃO, 2019, p. 18-19).
Referência
DULAC, G. Écris sur le cinema (1919-1937). Textes réunis et présentés par Prospter Hillairet. Classiques de l’Avant-Garde. Paris: Éditions Paris Expérimental, 1994.
Para ler o artigo, acesse
DUARTE, R. and GUSMÃO, M. Representações de Mulher na Pedagogia Visual de Germaine Dulac. Educ. Real., v. 44, n. 2, e81590, 2019. ISSN: 0100-3143 [viewed 17 July 2019]. DOI: 10.1590/2175-623681590. Available from: http://ref.scielo.org/nk2rkd
DUARTE, R Imagens de mulheres em sombra e luz [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2019 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2019/08/16/imagens-de-mulheres-em-sombra-e-luz/
Germaine Dulac é uma das muitas mulheres subestimadas pela história do cinema. Ainda que a ela sejam atribuídos o primeiro filme impressionista do cinema francês e um dos primeiros filmes assumidamente feministas da história do cinema, é ainda pequeno o reconhecimento do papel desempenhado por ela na criação de uma estética visual que subverteu os padrões artísticos e narrativos do cinema dos anos 1920, com estratégias técnicas extremamente originais (DULAC, 1994).
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