Luciana Oliveira, Comunicação, Universidade de Taubaté (UNITAU), Taubaté, São Paulo, Brasil
O agronegócio está em constante crescimento no mundo e sabe-se também que é o maior consumidor de água em seus diversos processos. Estima-se que metade da população mundial viverá em regiões com escassez de água até 2025 e, por este motivo, é importantíssimo melhorar a qualidade do tratamento e gestão da água. Por este motivo, a Revista Ambiente & Água (v. 14, n. 5), reuniu dois artigos que abordam este assunto: “Remoção de coliformes em sistema alagado construído utilizado no pós-tratamento de efluentes de suinocultura” e “Resistência antibiótica nas águas superficiais de uma lagoa costeira do Sul do Brasil sob impacto de atividades antropogênicas”.
O artigo cujo tema é: “Remoção de coliformes em sistema alagado construído utilizado no pós-tratamento de efluentes de suinocultura” é resultado da pesquisa feita pelo grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Lavras.
A água residual da suinocultura possui alguns de seus componentes (matéria orgânica, nitrogênio, fósforo, cobre, etc.) em concentrações que são suficientemente altas para constituir um risco de desequilíbrio ecológico quando descartadas de forma inadequada em cursos de água. No entanto, uma vez bem monitorado, o uso desse tipo de efluente na agricultura surge como uma alternativa ao seu descarte, com o benefício da reciclagem de nutrientes para as culturas (CAVALETT et al., 2006).
Os autores afirmam ainda que as águas residuais da criação de suínos contêm uma enorme quantidade de coliformes que, se eliminado no meio ambiente sem um preparo adequado, coloca em risco a sustentabilidade e a expansão da criação de suínos.
O artigo “Resistência antibiótica nas águas superficiais de uma lagoa costeira do Sul do Brasil sob impacto de atividades antropogênicas” produzido pelo grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, juntamente com o Laboratório Nacional Agropecuário, tem como objetivo avaliar populações de bactérias cultiváveis resistentes a antibióticos na Lagoa Tramandaí, impactada por atividades como agricultura e urbanização.
Os resíduos provenientes das atividades humanas são ricos em compostos recalcitrantes, como antimicrobianos, metais e biocidas, que podem atingir corpos d’água e contribuir significativamente para a seleção de fenótipos de bactérias resistentes (PETIT et al., 2014). Esses resíduos contribuem significativamente para a presença de populações bacterianas resistentes a antibióticos.
O problema com a resistência antimicrobiana no ambiente aquático é ainda mais grave, porque algumas bactérias têm a capacidade de transferir seus genes para outras, inclusive aquelas de diferentes espécies que vivem no mesmo ambiente.
Os autores afirmam que a presença de populações bacterianas resistentes observada foi positivamente correlacionada aos efeitos da urbanização na Lagoa. Algumas populações resistentes foram ainda maiores na baixa temporada, indicando a importância de avaliar sistematicamente a resistência a antibióticos em corpos d’água.
Referências
CAVALLET, L. E. et al. Melhoria da fertilidade do solo decorrentes da adição de água residuária da indústria de enzimas. Rev. bras. eng. agríc. Ambiente., v. 10, n. 3, p. 724-729, 2006. ISSN: 1415-4366 [viewed 5 October 2019]. DOI: 10.1590/S1415-43662006000300027. Disponível em: http://ref.scielo.org/5gh92m
PETIT, F. et al. Vulnerability and resilience of estuaries to contamination by antibiotics and antibiotic‐resistant bacteria: a challenge for the next decade. Vulnerability of Coastal Ecosystems and Adaptation, p. 65-93, 2014. ISBN: 9781119007739 [viewed 5 October 2019]. DOI: 10.1002/9781119007739.ch2. Avaliable from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119007739.ch2
Para ler os artigos, acesse
Rev. Ambient. Água vol.14 no.5 Taubaté 2019
Link externo
Revista Ambiente & Água – AMBIAGUA: www.scielo.br/ambiagua
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