Maria Clara Gonçalves Monteiro de Oliveira, Graduanda de Psicologia pela Universidade Católica de Brasília (UCB), Brasília, DF, Brasil.
Henrique Salmazo da Silva, Professor do Programa de Pós-graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), Brasília, DF, Brasil.
O estudo “Longevos em domicílios multigeracionais: condições sociodemográficas, humor, funcionalidade, envolvimento social e satisfação com a vida”, publicado no periódico Estudos de Psicologia (Campinas, vol. 37) aborda as relações entre a composição familiar no domicílio e condições sociodemográficas, desempenho funcional, humor, suporte social percebido e satisfação com a vida em idosos longevos. Realizado entre os anos de 2016 a 2018, teve como objetivo levantar os padrões de envelhecimento em idosos longevos em três cenários: no ambulatório (Distrito Federal), no domicílio (Campinas, SP) e em instituições de longa permanência (Passo Fundo, RS).
As pesquisas com idosos longevos no Brasil ainda são escassas, embora constitua a população que mais cresce no Brasil e no mundo. Assim, a pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de levantar dados sobre as condições de vida e saúde desta população, o que poderá subsidiar a formulação de programas de atendimento e serviços no âmbito da Gerontologia, ciência que estuda o envelhecimento nas perspectivas biopsicossociais. Uma das discussões presentes na área centra-se em compreender o papel da família e dos arranjos familiares no bem-estar do idoso longevo, haja vista que o tipo de arranjo pode se associar a diferentes padrões de envelhecimento, apoio e convivência. Verifica-se que as relações que se desenvolvem podem ser tanto benéficas, associadas a maior bem-estar e satisfação com a vida; quanto estressoras, por representar um descompasso entre o apoio recebido e o apoio ofertado pela pessoa idosa longeva. Esses conhecimentos poderão fomentar o delineamento de programas de suporte voltados ao idoso longevo e a família.
A presente pesquisa investigou 107 idosos longevos cognitivamente saudáveis, isto é, sem sinais de declínio cognitivo e avaliados em ambulatório de Geriatria do Distrito Federal (DF). Os arranjos domiciliares investigados foram “morar só”, “uni ou bigeracionais” ou “trigeracionais” (idoso, filhos e netos). Os resultados indicaram que o grupo de idosos longevos que referiu viver com três gerações foi composto majoritariamente por mulheres, viúva(o)s e com maior número de filhos; e idosos que residiam em domicílios uni ou bigeracionais foram mais satisfeitos com a vida em comparação com as pessoas da mesma idade, e reportaram maior participação em atividades culturais e dirigir automóvel.
Em síntese, os arranjos domiciliares na velhice avançada associam-se à composição familiar e a algumas dimensões da satisfação com a vida e envolvimento social. Contudo, é importante ressaltar que os dados são relativos à realidade de idosos octogenários e nonagenários de uma amostra ambulatorial do Distrito Federal, e que essa população possui uma característica peculiar. Trata-se de uma amostra proveniente em sua maioria de outros estados brasileiros para a fundação de Brasília. Dessa forma possuem padrões comportamentais, emocionais e relacionais já estabelecidos e permeados por características socioculturais diversas. Padrões geracionais ou culturais podem moderar fatores como frequência de contatos, proximidade, orientação e composição das redes sociais. Dessa forma, torna-se necessário a elaboração de mais estudos com longevos brasileiros, a fim de verificar se os arranjos de moradia na velhice avançada seguem as mesmas associações com variáveis sociodemográficas, satisfação com a vida, participação e envolvimento social. Em síntese, os achados destacam a necessidade de aprofundar em como se organizam os padrões de relacionamento e trocas geracionais, nos arranjos domiciliares da velhice avançada.
No vídeo a seguir assista a reflexão de Henrique Salmazo da Silva e Maria Clara Gonçalves Monteiro de Oliveira.
Para ler o artigo, acesse
OLIVEIRA, M. C. G. M. de et al. Elderly individuals in multigenerational households: Family composition, satisfaction with life and social involvement. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2020, vol. 37, e180081, ISSN 0103-166X [viewed 27 April 2020]. DOI: 10.1590/1982-0275202037e180081. Available from: http://ref.scielo.org/qs9dpy
Links externos
Estudos de Psicologia (Campinas) – ESTPSI: www.scielo.br/estpsi
http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/estudos
Página do Programa de Mestrado e Doutorado em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília: https://ucb.catolica.edu.br/portal/curso/gerontologia/
Página Research Gate – Prof. Henrique: https://www.researchgate.net/profile/Henrique_Silva7
Sobre os autores
Maria Clara G. M. Oliveira, graduada em Psicologia pela Universidade Católica de Brasília (UCB), tem foco de pesquisa em Psicologia do Desenvolvimento Humano voltada para a área de aprendizagem.
E-mail: m.claragonc@gmail.com
Lattes: http://lattes.cnpq.br/5061551482684319
Instagram: @m.clarag
Henrique Salmazo da Silva, é gerontólogo, doutor em Neurociência e Cognição pela Universidade Federal do ABC (2016). Atualmente é professor do Programa de Pós-graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília (UCB). Pesquisa temas relacionados a cognição humana, envelhecimento cognitivo e plasticidade, memória semântica, linguagem e cognição corporificada, envelhecimento bem-sucedido, cuidados de longa duração, políticas públicas para a pessoa idosa e a Gerontologia como ciência e profissão.
E-mail: henriquesalmazo@yahoo.com.br
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7516363405111630
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