Rita Barros, Professora Coordenadora no Instituto Piaget, Portugal. Investigadora na Universidade do Porto, Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Porto, Portugal, e no Instituto Piaget, Unidade de Investigação em Educação e Intervenção Comunitária, Vila Nova de Gaia, Portugal.
Angélica Monteiro, Investigadora Integrada na Universidade do Porto, Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Porto, Portugal.
Carlinda Leite, Professora Catedrática na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação Universidade do Porto. Investigadora Sênior na Universidade do Porto, Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Porto, Portugal.
O artigo Autoestima e motivação para aprender on-line: o caso de mulheres reclusas, centrado na Educação de Adultos, enquadra-se no paradigma da Aprendizagem ao Longo da Vida e foca condicionantes que existem para a população prisional, em especial para as mulheres reclusas. Apesar de ser reconhecida a importância da Educação na reabilitação das populações reclusas (Manger et al., 2019), barreiras disposicionais, a autoestima e a motivação para aprender condicionam o envolvimento em atividades de formação.
O acesso a recursos digitais e à Internet e a implementação de projetos em e-learning têm revelado resultados encorajadores no que diz respeito às possibilidades para ultrapassar algumas barreiras (Schuller, 2009). Para conhecer os níveis de autoestima e a motivação para o envolvimento em atividades de aprendizagem, na sua relação com outras variáveis que lhe estão associadas (como a idade, tempo de reclusão e duração da pena), foi realizado um estudo descritivo-correlacional, com um grupo de 12 reclusas, em cumprimento de pena, numa população de 306 mulheres em privação de liberdade num Estabelecimento Prisional Feminino português.
As participantes foram avaliadas no âmbito da frequência de um curso de formação em regime de b-learning, através de escalas de avaliação da autoestima (Rosenberg Self-Esteem Scale – RSES) e da motivação para aprender (Escala de Motivação Académica – MAS-HS 28, nomeadamente as subescalas “Desmotivação”, “Motivação Intrínseca” e “Motivação Extrínseca por Regulação Externa”). Essa avaliação foi feita por meio de entrevistas e de um questionário sociodemográfico construído para o efeito. A análise quantitativa dos dados suportou-se no SPSS – versão 26.0 – e os dados recolhidos em entrevista foram submetidos a análise qualitativa.
Os resultados apontam para a existência de níveis de autoestima superiores aos que foram identificados por outros estudos, para uma complementaridade entre motivações de ordem intrínseca e extrínseca e indicam correlações significativas entre algumas das variáveis associadas à situação das reclusas.
Revelou ainda uma associação entre a motivação extrínseca e: maiores períodos de reclusão, maior tempo de pena cumprido e níveis mais baixos de escolaridade no momento da detenção. As reclusas mais velhas evidenciaram maior dificuldade em identificar benefícios decorrentes da participação na formação e maiores défices de competências, o que se traduziu num menor envolvimento em atividades de aprendizagem.
Os resultados obtidos corroboram a importância destas dimensões que, no contexto da formação em b-learning, poderão ser promovidas para mitigar as barreiras disposicionais à participação em atividades de aprendizagem, situação que deverá ser tida em consideração nas políticas de educação de mulheres em contexto prisional.
Referências
MANGER, T., EIKELAND, O.J. and ASBJØRNSEN, A. Why do not more prisoners participate in adult education? An analysis of barriers to education in Norwegian prisons. International Review of Education [online]. 2019, vol. 65, no. 5, pp. 711-733 [viewed 21 July 2022]. https://doi.org/10.1007/s11159-018-9724-z. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007/s11159-018-9724-z
MONTEIRO, A., LEITE, C. and BARROS, R. “Eu ganhei mais o gosto de estudar”: o e-learning como um meio de aprendizagem ao longo da vida de reclusas de um estabelecimento prisional português. Educação & Sociedade [online] 2018, vol. 39, no. 142, pp. 129-150 [viewed 21 July 2022]. https://doi.org/10.1590/ES0101-7330216156650. Available from: https://www.scielo.br/j/es/a/rHvkPNghNK8G8fP7QKGn7JH/?lang=pt
SCHULLER, T. Crime and lifelong learning: inquiry into the future of lifelong learning thematic paper. Leicester: NIACE – National Institute of Adult Continuing Education, 2009.
SOUZA, M.C., NONATO, E.M. and FONSECA, M.C. Cenários da Educação de mulheres jovens e adultas em situação de privação de liberdade no contexto brasileiro. Ensaio: aval. pol. públ. educ. [online]. 2020, vol. 28, no. 108, pp. 811-832 [viewed 21 July 2022]. https://doi.org/10.1590/S0104-40362020002801758. Available from: https://www.scielo.br/j/ensaio/a/fYHHJGBXxnPDQGqCSfPDCDz/?lang=pt
TURNER, E., et al. Learning desistance together. Journal of Prison Education and Reentry [online]. 2019, vol. 6, no. 1, pp. 96-112 [viewed 21 July 2022]. https://doi.org/10.25771/gk9r-be08. Available from: https://scholarscompass.vcu.edu/jper/vol6/iss1/8/
Para ler o artigo, acesse
BARROS, R., MONTEIRO, A. and LEITE, C. Autoestima e motivação para aprender online: o caso de mulheres reclusas. Ensaio: aval. pol. públ. educ. [online]. 2022, vol. 30, no. 116, pp. 837-857 [viewed 21 July 2022]. https://doi.org/10.1590/S0104-40362022003003035. Available from: https://www.scielo.br/j/ensaio/a/qPYTpVLMpSM95rNgnMSHGJS/?lang=pt
Links externos
Angélica Monteiro – ORCiD: http://orcid.org/0000-0002-1369-3462
Carlinda Leite – ORCiD: http://orcid.org/0000-0001-9960-2519
Centro de Investigação e Intervenção Educativas: https://www.fpce.up.pt/ciie/
Rita Barros – ORCiD: http://orcid.org/0000-0002-3596-9992
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