Fabiana Oliveira Koga, Educadora Musical e pesquisadora, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil.
Rosemeire de Araújo Rangni, Pedagoga e docente do Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil.
A legislação brasileira, por meio da Lei n. 9394/96 reconhece como indivíduos talentosos pessoas com altas habilidades ou superdotação, segundo a nomenclatura oficial, como público da Educação Especial. Para essas pessoas são assegurados direitos como: identificação precoce, cadastro no censo escolar, atendimento educacional especializado, suplementação curricular e aceleração dos estudos.
Os estudantes com talento podem ser identificados em todas as áreas do saber humano e em diferentes períodos da vida. Por essa razão, esses direitos perpassam todos os níveis de ensino nas mais diferentes áreas, desde às acadêmicas às criativas. Neste contexto, destacamos os talentos na área musical.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Lei n. 13.278/16 contemplam o ensino das linguagens artísticas no âmbito escolar e do desenvolvimento humano. No entanto, muitas escolas brasileiras não implementaram o ensino artístico nas instituições para além das Artes Plásticas ou Visuais. Ademais, as escolas que já aderiram o ensino musical, por exemplo, o fazem em algumas etapas.
A Música, o Teatro e a Dança estão à margem da maioria dos currículos e planejamentos, pois os estudantes talentosos artisticamente ficam invisíveis no ambiente escolar. As linguagens artísticas proporcionam outras experiências e rotas cognitivas, as quais as disciplinas acadêmicas não perpassam. Além disso, muitas questões socioemocionais e éticas poderiam ser trabalhadas em profundidade por serem áreas projetivas e de exploração da sensibilidade humana.
Por tudo que se mencionou, a pesquisa intitulada Modelo de Enriquecimento e identificação do talento em alunos do ensino fundamental I: relato de experiência de duas educadoras de Koga e Rangni (2022) traz o relato de duas educadoras que tinham um planejamento previsto em currículo e usaram essa oportunidade com vista a engajar, entusiasmar, oferecer oportunidade, acesso e enriquecimento musical a estudantes de uma sala de aula de 5° ano.
Figura 1. Ato final do musical “O Fantasma da Ópera”. A apresentação ocorreu no final do 2ª semestre de 2019, antes da pandemia da COVID-19.
A atividade desenvolvida “O Fantasma da ópera” consistiu na elaboração de um livro e de um espetáculo musical. Como estratégia didática foi aplicado o Modelo de Enriquecimento de Joseph S. Renzulli (Tipos I, II, III). Esse procedimento possibilitou identificar, avaliar e enriquecer os estudantes designados com talento, bem como à toda a turma.
O trabalho colaborativo entre as duas professoras foi imprescindível para o sucesso da atividade, possibilitando ainda a abordagem de temas como inclusão, preconceito, autoconfiança, cooperação e desenvolvimento do senso estético e criativo.
O mistério existente na personagem do fantasma e sua relação com Christine despertaram a curiosidade dos estudantes e foi o elemento motriz para que trabalhassem com afinco no projeto. O ponto central na atividade foi que os estudantes escolherem democraticamente a tarefa a desempenhar. Nem todas as crianças gostam de cantar, danças, desenhar, escrever, entretanto, cada um empenhou-se de acordo com suas capacidades.
Muitos educadores e famílias preocupam-se com a designação do talento e sua necessidade de identificação, avaliação e atenção educacional, porém, o complexo fenômeno do talento tem desdobramentos ou variáveis cognitivas, emocionais e sociais que impactam no desenvolvimento do indivíduo e sua qualidade de vida. Não se trata, em hipótese alguma, rotular os estudantes, e sim, ajudá-los a se descobrirem.
O currículo e os prazos estipulados aos educadores configuram outro fator, os quais preocupam os profissionais e equipes gestoras, levando-os a desistir de ideias como o projeto desenvolvido na escola, mas é justamente nessa forma didática e pedagógica que se torna possível o trabalho colaborativo com realização de metas, tornando as ações mais significativas para todos os estudantes.
Para ler o artigo, acesse
KOGA, F.O. and RANGNI, R.A. Modelo de Enriquecimento e identificação do talento em alunos do ensino fundamental I: relato de experiência de duas educadoras. Rev. Bras. Estud. Pedagog. [online]. 2022, vol. 103, no. 265, pp. 823-842 [viewed 3 April 2023]. https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.103i265.4671. Available from: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/WFnpGmGSJmGy8rRMKPCDwMF/
Links externos
Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos – RBEPED: https://www.scielo.br/j/rbeped/
Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos: http://rbep.inep.gov.br/
Conselho Brasileiro para Superdotação – Site: https://conbrasd.org/
Grupo de Pesquisa para o Desenvolvimento do Potencial Humano – Site: http://www.altashabilidadesgrupoh.com.br/
Grupo de Pesquisa para o Desenvolvimento do Potencial Humano – Instagram: https://www.instagram.com/grupoh_ufscar/
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