Potencialidades e desafios da avaliação formativa no curso de Medicina

Pedro Fonseca de Vasconcelos, pós-doutorando, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Jequié, BA, Brasil.

Tânia Cristina Rocha Silva Gusmão, docente, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Vitória da Conquista, BA, Brasil.

Ana Cristina Santos Duarte, docente, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Jequié, BA, Brasil.

A avaliação qualitativa e processual pode impactar no interesse, atitudes e as emoções tanto dos docentes quanto dos discentes envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, o estudo Avaliação formativa nas sessões tutoriais: uma análise com base na idoneidade didática emocional, publicado pelo periódico Educação em Revista (vol.40, 2024), revelou que professores e alunos entendem a importância da avaliação formativa como reguladora do processo de aprendizagem. Entretanto, não conseguem compreender o conceito e a concepção desse tipo de avaliação, apresentando comportamentos aversivos ao processo avaliativo, tais como ansiedade e medo.

Os cursos de Medicina no Brasil começaram a utilizar as metodologias ativas de ensino-aprendizagem na década de 1990, utilizando principalmente a Aprendizagem Baseada em problemas (ABP) como estratégia metodológica. Uma etapa fundamental da sessão tutorial, presente na ABP, é a avaliação qualitativa e processual, que chamamos de avaliação formativa, constituindo-se como um grande desafio em virtude da falta de conhecimento docente acerca de sua concepção pedagógica e pelo medo dos estudantes em serem avaliados. Assim, o estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) com um grupo de estudantes e uma professora do curso de Medicina revelam a potencialidade da avaliação formativa como mediadora da aprendizagem, mas principalmente constituindo-se como potencializadora para o desenvolvimento de competências conceituais, atitudinais e procedimentais.

Imagem: Pixabay

Os discentes e o docente envolvidos na pesquisa demonstraram estar mais interessados na avaliação quantitativa do que na qualitativa, privilegiando um modelo avaliativo que classifica o estudante quanto à sua nota, deixando de considerar a evolução das habilidades e atitudes. Por esse motivo, os discentes realizam as avaliações dos seus pares e sua autoavaliação sem critérios definidos, levando em conta aspectos pessoais e não o desempenho. Assim, a avaliação contribui para gerar ansiedade e medo de fracassar durante a construção de conhecimento na sessão tutorial. A subjetividade do processo avaliativo formativo conduz para uma avaliação excludente e que gera impacto no desejo de aprender dos alunos.

Embora os participantes da pesquisa não tenham compreensão conceitual acerca da avaliação formativa em si, os discentes e o docente conseguem identificar a avaliação como ferramenta potencial de desenvolvimento pessoal. Portanto, uma avaliação qualitativa e processual pode ser considerada efetiva para gestão e melhoria da aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades atitudinais, motivacionais e emocionais no processo ensino-aprendizagem. Sugere-se que sejam reorientadas as práticas pedagógicas por meio de programas de desenvolvimento docente e criados critérios claros para orientar o processo avaliativo.

Para ler o artigo, acesse

VASCONSELOS, P.F., GUSMÃO, T.C.R.S. and DUARTE, A.C.S. Avaliação formativa nas sessões tutoriais: ama análise com base na idoneidade didática emocional. Educação em Revista [online]. 2024, vol. 40, e48048 [viewed 7 May 2025]. https://doi.org/10.1590/0102-469848048. Available from: https://www.scielo.br/j/edur/a/YHsbhjHnpRxjxtkzYSHzXhM/

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