Xênia L’amour Campos Oliveira, Doutora, Núcleo de Pós-graduação em Administração, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil.
Eduardo Paes Barreto Davel, Professor, Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil.
O artigo Cultural Entrepreneurship as Affective Networks: A Multi-sited Ethnography of Food Markets (vol. 29, 2025), publicado pela Revista de Admnistração Comtemporânea, teve como objetivo explicar como as redes afetivas sustentam o empreendedorismo cultural, inspirando inovação cultural e criando valores e sentido. O estudo se justifica pela necessidade em aprofundar os conhecimentos sobre a dimensão afetiva das redes do empreendedorismo, em especial, em um contexto cultural. Utilizou-se uma abordagem etnográfica multissituada, sendo esta capaz de captar as sutilezas e singularidades do afeto, além de possibilitar conexões, associações e relações entre múltiplas localidades. Exploramos como campo empírico os mercados populares que, apesar de sua tradição, precisam se adaptar às mudanças e demandas socioeconômicas, ao mesmo tempo em que características como identidade e significados tradicionais, culturais e estéticos não podem ser negligenciados. Os resultados do estudo contribuem para o avanço da pesquisa no campo do empreendedorismo e do empreendedorismo cultural.
Sabe-se que o(a) empreendedor(a) cultural constrói ou reconfigura discursivamente os valores culturais, simbólicos e estéticos dos bens e serviços culturais, e que estes possuem um valor simbólico maior que o utilitário ou material. Dentre os desafios enfrentados por esses empreendedores, inclui-se a necessidade de inovar, buscando o equilíbrio entre a novidade e a familiaridade, através de processos de criação de sentido e construção de valor. Para isso, empreendedores(as) culturais precisam saber como atuar em rede. Apesar da sua importância para os(as) empreendedores(as) culturais, a perspectiva afetiva das redes ainda era negligenciada pelas pesquisas.
Os resultados da pesquisa oferecem duas contribuições para o avanço da pesquisa no campo do empreendedorismo. A primeira refere-se a reforçar a importância da rede nas pesquisas sobre o empreendedorismo cultural. Os resultados evidenciaram como o empreendedorismo cultural se define como um empreendedorismo em redes, ao sustentar as inovações culturais.

Imagem: Openverse
Destacamos como o empreendedorismo cultural ganha ao ser concebido como rede afetiva. Ao adotarmos a perspectiva afetiva das redes em seu contexto, mostramos como a afetividade nas redes pode inspirar o processo de inovação cultural e de criação de valores e sentidos. Além de aprofundarmos o entendimento de suas singularidades através da perspectiva afetiva das redes.
A segunda refere-se aos resultados da pesquisa, que ajudam a avançar outras pesquisas sobre afetividade no campo do empreendedorismo, respondendo a uma necessidade de novos insights teóricos e empíricos, recorrendo às redes afetivas como um caminho teórico fértil. Também esclarecemos como as redes afetivas são caracterizadas pelas interações afetivas entre os atores, os afetos experimentados e expressos nas interações e os resultados dessas interações.
Encorajamos pesquisadores a continuar produzindo informações qualitativas e detalhadas sobre o papel da afetividade nas redes, além de continuarem a explorar e revelar as singularidades do empreendedorismo cultural, frente ao empreendedorismo que se apresenta, equivocadamente, como “geral” e “universal”.
Para ler o artigo, acesse
OLIVEIRA, X.L.C. and DAVEL, E.P.B. Cultural Entrepreneurship as Affective Networks: A Multi-sited Ethnography of Food Markets. Revista de Administração Contemporânea [online]. 2025, vol. 29, no. 1, e240093, ISSN: 1982-7849 [viewed 3 June 2025]. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2025240093.en. Available from: https://www.scielo.br/j/rac/a/dGbZgxB3zJSywNpknMPtFfM/
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