Érica Maria Lopes Menezes, Doutoranda, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Como a academia está olhando a governança de Living Labs e seus desafios? Essa pergunta norteou a pesquisa Smart City Living Lab Governance Paths to Sustainability: Bibliometric and Content Analysis (vol. 29, no. 2, 2025), conduzida por duas pesquisadoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e publicada no periódico Revista de Administração Contemporânea (RAC).
O estudo investiga como os Living Labs, espaços colaborativos de experimentação em ambientes reais, estão sendo utilizados globalmente para enfrentar demandas urbanas, que incluem problemas ambientais, sociais, de gestão e de inovação.
A pesquisa realizou uma análise bibliométrica em uma base de 359 artigos, seguida de análise de conteúdo em 154 artigos acadêmicos das principais bases internacionais e nacionais, mapeando práticas, modelos de governança e desafios desses laboratórios urbanos.
Imagem: Os autores
Um dos principais achados revela uma concentração das discussões sobre o tema no Norte Global, como Europa e Estados Unidos, evidenciando a necessidade de fomentar mais experiências de países do Sul Global, como Brasil e outros países da América Latina.
O estudo propõe um framework inédito, que auxilia gestores públicos, pesquisadores e agentes sociais na implementação de Living Labs que sejam, de fato, sustentáveis, inclusivos, com participação cidadã ativa e adaptados às realidades locais. Esse modelo reforça a importância da cocriação, da transparência, da liderança participativa e da construção coletiva de soluções, além de destacar que a governança desses espaços precisa ir além de modelos hierárquicos e tecnocráticos.
Os resultados indicam que os Living Labs, quando bem estruturados, podem acelerar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas cidades, promovendo inovação social, uso mais eficiente de recursos naturais e maior envolvimento da população nas decisões sobre os rumos dos territórios onde vivem.
Apesar dos avanços, o estudo aponta desafios importantes, como a necessidade de maior investimento, continuidade dos projetos e superação de barreiras culturais que dificultam a colaboração entre governo, sociedade e setor privado. A pesquisa também abre caminho para novos estudos que considerem as especificidades das cidades do Sul Global, ampliando o impacto e a aplicabilidade desses modelos no combate às desigualdades urbanas e às emergências climáticas.
MENEZES, E.M.L. Living Labs impulsionam cidades mais sustentáveis, inclusivas e participativas [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2025 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2025/07/29/living-labs-impulsionam-cidades-mais-sustentaveis-inclusivas-e-participativas/
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