João Carlos Martins Bressan, professor adjunto da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Cáceres, MT, Brasil
Fernanda Moreto Impolcetto, professora adjunta da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Rio Claro, SP, Brasil
O artigo Implementação de um modelo didático para o ensino do atletismo na escola, publicado no periódico Educação em Revista (EDUR) em 2025 (vol. 41), avalia a aplicação do Modelo Sistêmico Ecológico para o Ensino do Atletismo (MSEA) que inova em relação a determinados modelos anteriores, notadamente com destaque aos apresentados por Goméz; Calderón e Valero-Valenzuela (2014). A pesquisa demonstrou que esse modelo é eficaz ao adaptar o conteúdo do atletismo às realidades escolares, promovendo maior participação e aprendizagem significativa dos discentes, mesmo em contextos desafiadores como o ensino remoto.
Trata-se da aplicação do MSEA desenvolvido em tese de doutoramento por Bressan (2021), para o ambiente escolar, notadamente em aulas de Educação Física, buscando novas formas de ensinar atletismo nas escolas. Três professoras e 26 estudantes do ensino fundamental, de escolas públicas e privadas, participaram da pesquisa, que ocorreu entre 2020 e 2021. A investigação partiu da constatação de que o atletismo, apesar de previsto nos currículos escolares, é pouco explorado na prática pedagógica, conforme já alertado por Matthiesen (2005); Mota e Silva, et al., (2015), muitas vezes por falta de adequação a realidade do ambiente escolar e a peculiaridade da epistemologia da prática docente.

Imagem: Freepik
Com autoria de João Carlos Martins Bressan (Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat) e Fernanda Moreto Impolcetto (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Unesp), o estudo lançou mão de entrevistas, questionários e relatos reflexivos. As professoras participantes passaram por uma formação específica sobre o modelo MSEA, construíram planos de aula baseados nele e aplicaram suas atividades com turmas do 2º e do 7º anos do ensino fundamental. A metodologia valoriza o contexto dos alunos e a prática docente, promovendo reflexões sobre o próprio ato de ensinar.
Os resultados evidenciaram que o modelo contribuiu para o reconhecimento do atletismo pelos alunos, conectando o conteúdo à realidade cotidiana deles. Apesar dos desafios — como limitações de tempo, internet e engajamento no ensino remoto — as docentes relataram avanços significativos na compreensão dos alunos, na participação das famílias e na articulação entre teoria e prática. A análise estatística reforçou a eficácia do modelo, com melhora nos resultados dos estudantes sobre o conhecimento relativo ao atletismo, antes e após sua aplicação.
Em conclusão, o MSEA atua frente a incipiência de modelos e metodologias para o ensino do atletismo adequados ao ambiente escolar (Bressan, Impolceto; 2020). Além disso, mostrou-se como uma proposta promissora para ensinar atletismo nas escolas, por ser flexível, adaptável e centrado na realidade dos alunos e das professoras. A pesquisa reforça a importância de considerar a identidade escolar e a epistemologia da prática docente na construção de modelos pedagógicos. Como perspectiva futura, sugere-se ampliar a aplicação do modelo em outras escolas e contextos, além de seguir investigando formas de aprimorar a formação docente e a inclusão de conteúdos pouco explorados nas aulas de Educação Física.
Para ler o artigo, acesse
BRESSAN, J.C.M. and IMPOLCETTO, F.M. Implementação de um modelo didático para o ensino do atletismo na escola. Educação em Revista [online]. 2025, vol. 41, e47789 [viewed 27 August 2025]. https://doi.org/10.1590/0102-469840140. Available from: https://www.scielo.br/j/edur/a/QXMqJfKRqnhTfL8YZRQRKnd
Referências
BRESSAN, J.C.M. Atletismo e desenvolvimento humano: proposição e análise de um modelo didático de ensino. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias). Rio Claro: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2021.
BRESSAN, J.C.M. and IMPOLCETTO, F.M. Panorama da produção científica sobre o atletismo (1990-2017): uma análise dos artigos científicos em três idiomas com ênfase na subárea pedagógica. Motrivivência [online]. 2020, vol. 32, no. 63, pp. 01-24 [viewed 27 August 2025]. https://doi.org/10.5007/2175-8042.2020e74034. Available from: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/74034
GOMÉZ, A.M., CALDERÓN, A.L. and VALERO-VALENZUELA, A. Análisis comparativo de diferentes modelos de enseñanza para la iniciación al atletismo. Ágora para la EF y el Deporte [online]. 2014, vol. 2, no. 16, pp. 104-121 [viewed 27 August 2025]. Available from: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4908120
MATTHIESEN, S.Q. (ed.) Atletismo se aprende na escola. Jundiaí: Fontoura, 2005.
MOTA E SILVA, E.V., et al. Atletismo (ainda) não se aprende na escola? revisitando artigos publicados em periódicos científicos da educação física nos últimos anos. Movimento [online]. 2015, vol. 21, no. 4, pp. 1111-1122 [viewed 27 August 2025]. https://doi.org/10.22456/1982-8918.50006. Available from: https://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/50006
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