Louise Moraes, Pesquisadora em Informações e Avaliações Educacionais, Brasília, DF, Brasil
Criticados por uns e aclamados por outros, os temas da redação do Enem tem cobrado assuntos relevantes para a reflexão da sociedade brasileira, como a dignidade humana, a igualdade de direitos, o reconhecimento e a valorização das diferenças entre as pessoas. No estudo “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil sob a ótica de participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2017)”, os autores paraibanos apontam que, pela primeira vez, a coletividade foi demandada a ponderar sobre a temática.
Para você, quais são os desafios para a formação educacional de surdos no Brasil? Essa indagação foi feita a 49 entrevistados, cujos depoimentos trazem uma dimensão crítica acerca da formação das pessoas surdas no País, alinhando-se ao que pesquisadores da área dos Estudos Surdos vêm afirmando. Na perspectiva dos sujeitos entrevistados, os principais desafios para a formação educacional de pessoas surdas no Brasil são: a inclusão da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como disciplina curricular obrigatória na educação básica; a formação docente; a inclusão social e laboral dos surdos e o despreparo institucional, a exemplo da ausência de intérpretes nas escolas. Logo, o cenário que se vislumbra reflete os contrapontos entre a legislação que regulamenta a educação especial e a realidade nos estabelecimentos de ensino.
O texto destaca que, além de incluir o tema no conteúdo do Enem, o Inep tem implementado ações para a acessibilidade das pessoas com deficiência no exame, havendo evolução quantitativa da participação desses sujeitos, mas o número de inscritos ainda é reduzido pela insuficiência de acessibilidade (JUNQUEIRA; MARTINS; LACERDA, 2017). As dificuldades vão desde a divulgação – incluindo edital e sistema de inscrição – até a realização e a aplicação da prova. Embora o Enem tenha evoluído em termos de inclusão, ainda há um longo caminho a percorrer.
Conforme Habermas (1987), a apropriação de conhecimentos e as mudanças de práticas resultam da parceria e do entendimento dos participantes em contexto. Da mesma forma, a resolução efetiva de questões não prescinde da reflexão, oportunizada a milhares de pessoas pela banca do Enem. Assim, o periódico convida os leitores a ocuparem seus respectivos lugares nas reflexões e ações vitais para a concretização de uma educação brasileira de qualidade.
Referências
HABERMAS, J. Teoría de la acción comunicativa: racionalidad de la acción y racionalización social. Madrid: Taurus, 1987. v. 1.
JUNQUEIRA, R. D., MARTINS, D. A. and LACERDA, C. B. F. POLÍTICA DE ACESSIBILIDADE E EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO (ENEM). Educ. Soc. [online]. 2017, vol.38, n.139, pp.453-471. ISSN 0101-7330. [viewed 7 March 2019] DOI: 10.1590/es0101-733020171151513. Available from: http://ref.scielo.org/7nd9k9
Para ler o artigo, acesse
ROMARIO, L., DORZIAT, A., CARVALHO, M. E. P. and ANDRADE, F. C. B. “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil” sob a ótica de participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2017). Rev. Bras. Estud. Pedagog., v. 99, n. 253, p. 501-519, 2019. ISSN: 0034-7183 [viewed 7 March 2019]. DOI: 10.24109/2176-6681.rbep.99i253.3732. Available from: http://ref.scielo.org/xvwtdw
Link externo
Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos – RBEPED: www.scielo.br/rbeped
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