Bruna da Cunha Kronenberger, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF, Brasil.
Frederico Rosa Borges de Holanda, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF, Brasil.
A arquitetura é certo tipo de recurso social que qualifica quem somos, a qualidade de nossa vida. Aqui, ela é tratada como um meio importante para satisfazer nossas necessidades. Como recursos de outros tipos, a conceituamos como capital arquitetônico, que se somam a outros capitais – econômico, político, cultural etc. O tema é tratado no artigo Sobre capital e arquitetura: o capital arquitetônico na constituição da sociedade, publicado na Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (vol. 26, 2024).
A arquitetura em todas as escalas é um importante ativo social: da nossa casa, passando por nossa rua, nosso bairro, nossa cidade, tudo isso nos qualifica socialmente. O artigo procura inserir a arquitetura de todos esses tipos de lugares no contexto mais amplo da posse de bens que nos qualificam. Foi realizado por membros do Grupo de Pesquisa “Dimensões Morfológicas do Processo de Urbanização” e se propõe a apresentar o arcabouço teórico subjacente a pesquisas empíricas, antes que investigação sobre realidades factuais.
Partiu-se da ideia de que havia uma grande lacuna na teoria dos “capitais” de Pierre Bourdieu (Bourdieu, 2017), nomeadamente, os lugares concretos onde exercemos a posse de outros recursos, e que, eles próprios, os lugares, são um precioso recurso. Mais que isso, explora-se a ideia de que não há uma determinação simples entre outras dimensões sociais e a arquitetura: são planos relativamente independentes, em função de circunstâncias particulares, atuais e históricas.
Os autores estão vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília e aplicam uma metodologia desenvolvida por um longevo grupo de pesquisa, supracitado, existente há 38 anos, registrado no Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil. Outrossim, filia-se a uma tradição teórica consolidada internacionalmente, a Teoria da Sintaxe Espacial (Hillier; Hanson, 1984), cujos resultados são divulgados em simpósios bienais internacionais desde 1997 (a edição brasileira foi em 1999).
Os resultados de pesquisa interessam diretamente ao planejamento habitacional de nossas cidades, particularmente à habitação de interesse social. A pesquisa revela a necessária variedade edilícia, particularmente do espaço doméstico, para a consecução de uma cidade mais equânime, mais inclusiva, na qual os pobres não sejam necessariamente exportados para periferias longínquas.
O programa de pesquisa inclui a ampliação do repertório de lugares investigados, para melhor calibrar as conclusões. Outrossim, pretende aprofundar contatos com outros grupos de pesquisa no Brasil, para verificar se outras condições brasileiras, além da Capital Federal (na qual, por ora, se concentrou a investigação) convalidam os resultados até aqui alcançados.
Para ler o artigo, acesse
KRONENBERGER, B.C. and HOLANDA, F.R.B. Sobre capital e arquitetura: o capital arquitetônico na constituição da sociedade. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais [online]. https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202442pt. Available from: https://www.scielo.br/j/rbeur/a/3r4byBRvQhMKWmWG6KfcgqR/
Referências
BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. Porto Alegre: Zouk, 2017
HILLIER, B. and HANSON, J. The Social Logic of Space. Londres: Cambridge University Press, 1984
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