Felipe Jailson Souza Oliveira Florêncio, Assistente da Revista Intercom, Belém, PA, Brasil
Com dez artigos (publicados na língua de origem e traduzidos para o inglês), os estudos apresentam análises e resultados de pesquisa sobre um amplo leque de objetos comunicacionais, indo da mídia impressa ao rádio e aos ambientes digitais, com abordagens qualitativas e quantitativas. Além disso, conta também com três resenhas de livros, bem como uma entrevista com o pesquisador português João Paulo Faustino (Universidade do Porto, Portugal).
Na versão impressa do periódico, os artigos estão divididos por eixos temáticos. O primeiro, intitulado “Narrativas de mídia e linguagens da imprensa”, traz textos que abordam questões referentes a conteúdos e narrativas midiáticas em meios impressos e digitais, bem como seus enquadramentos. Primeiramente, o artigo “Jornalismo Literário: revisão conceitual, história e novas perspectivas”, de Monica Martinez (UNISO), traz uma síntese histórica e conceitual sobre o Jornalismo Literário, um estudo que, segundo a autora (MARTINEZ, 2017), aponta para a necessidade de três pontes: entre a Comunicação e outros campos do conhecimento; entre os pesquisadores em prol da socialização das pesquisas produzidas na área e; entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros para visibilização do trabalho que é feito na área no Brasil.
Em seguida, vêm dois artigos que possuem como pano de fundo, a partir de abordagens diferentes, o rompimento da barragem em Mariana, Minas Gerais, maior desastre ambiental ocorrido no Brasil. Em “Hibridismos narrativos: recursos literários na grande reportagem contemporânea”, Renato Essenfelder (ESPM-SP), analisa como elementos narrativos típicos do campo da Literatura são utilizados para construir uma grande reportagem sobre o desastre. Já em “Molduras de uma tragédia anunciada: enquadramentos do desastre de Mariana”, o foco da investigação empreendida pelos autores Rafael Cardoso Sampaio, Giulia Sbaraini Fontes e Paulo Ferracioli (UFPR) são os agendamentos e perspectivas dos quais veículos noticiosos se valeram para abordar o ocorrido. Fechando o eixo, temos Ana Cristina Carmelino (UNIFESP), apresentando em seu artigo “Produção gráfica humorística, imprensa esportiva e estereótipo: as narrativas de Maciota”, na revista Placar, um estudo a respeito da representação identitária brasileira nas histórias do personagem humorístico Maciota, publicadas na imprensa esportiva no início da década 1980.
O eixo seguinte, “Mídia sonora e práticas de escuta”, tem o rádio como a linha que costura as duas discussões apresentadas. No texto “A consolidação dos estudos de rádio e mídia sonora no século XXI – Chaves conceituais e objetos de pesquisa”, de Marcelo Kischinhevsky, Lena Benzecry, Izani Mustafá, Leonardo De Marchi, Luãn Chagas, Gustavo Ferreira, Renata Victor e Luana Viana (UERJ), é realizado um panorama a respeito dos principais objetos e teorias que norteiam os trabalhos a respeito do rádio publicados no GP sobre o tema no Congresso Nacional da Intercom. Segundo os autores (KISCHINHEVSKY et al., 2017), apesar da crescente qualificação dos artigos, sendo cada vez maior o número de trabalhos submetidos por doutores e mestres atuantes em docência e pesquisa, há também que se olhar para a necessidade de adensamento dos estudos realizados, algo que precisa ser discutido para trazer assuntos mais atuais e urgentes para as pesquisas nesse campo. O segundo artigo deste eixo se chama “La radio en busca de su audiencia: hacia una escucha diversificada y multiplataforma”, de María del Pilar Martínez-Costa (Universidad de Navarra, Espanha) e Nair Prata (UFOP), apresenta novas e diferentes práticas de escuta, consumo e produção de conteúdo para rádio em meio às mudanças nos cenários comunicacionais contemporâneos.
O terceiro e último eixo, “Análises quanti-quali em ambientes digitais”, tem como cenário as transformações provocadas pelos processos digitais em âmbitos que vão do mercado televisivo às eleições políticas brasileiras. Iniciando pelo texto de Carlos Eduardo Marquioni (UTP), intitulado “A experiência de segunda tela e o modelo de negócios suportado por publicidade: a sincronização de anúncios entre telas (o caso brasileiro de SuperStar)”, que traz uma investigação a respeito de novos modelos publicitários voltados para o contexto de convergência entre dispositivos móveis e a programação televisiva. “Em O fantasmagórico site de rede social: como o Snapchat está sendo apropriado para a circulação de conteúdo jornalístico”, Vanessa Kannenberg e Maíra Evangelista de Sousa (UFRGS) realizam uma análise das formas de circulação de conteúdos jornalísticos na rede social Snapchat. O artigo “Jornalismo online e eleições em 2014: uma análise a partir da iniciativa Candibook, do jornal paranaense Gazeta do Povo”, de Isabele Batista Mitozo, Sérgio Soares Braga e Fabrícia Almeida Vieira (UFPR), faz uma investigação sobre a plataforma Candibook e discute assuntos como representação política na Internet e democracia digital. No último artigo deste número, chamado “Participação Política online e offline nas eleições presidenciais de 2014 em Salvador”, de Rosane Soares Santana (UFBA), são apresentados dados que norteiam análise sobre como variáveis sociodemográficas podem influenciar no processo de participação política.
A entrevista apresentada neste fascículo, realizada pela professora Sonia Virgínia Moreira (UERJ), traz João Paulo Faustino (Universidade do Porto, Portugal) abordando o panorama e as mudanças já em curso no campo das indústrias criativas e sua relação com processos de gestão da comunicação e os estudos empreendidos nesse campo. O pesquisador português estuda as relações entre as áreas da Economia e da Administração com a Comunicação, algo que, para ele, é crucial para entender o desenvolvimento das indústrias criativas: “O campo atravessa a divisão entre as humanidades e as ciências sociais, significando que as tensões entre as tradicionais investigações ‘críticas’ e ‘administrativas’ também se desenrolam em debates acadêmicos. As indústrias criativas têm fornecido pontes importantes entre o conhecimento das ciências humanas e das ciências sociais” (FAUSTINO; MOREIRA, 2017).
Completando o número, estão três resenhas de livros: “Da leveza: para uma civilização do ligeiro”, “Economia Política do Jornalismo: tendências, perspectivas e desenvolvimento regional” e “Jornalismo literário: tradição e inovação, assinadas, respectivamente”, por Enrickson Varsori (Universidade do Minho, Portugal), Denise Freitas de Deus Soares (UFPI) e Eduardo Ritter (UFSM).
A Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação é uma publicação quadrimestral que aceita trabalhos em fluxo contínuo, respeitando a interdisciplinaridade e a abrangência da área da Comunicação.
Referências
FAUSTINO, J. P. and MOREIRA, S. V. Indústrias criativas – mídia, cultura, economia e criatividade. Intercom, Rev. Bras. Ciênc. Comun. [online]. 2017, vol.40, n.3, pp.211-220. ISSN 1809-5844. [viewed 15 February 2017]. DOI: 10.1590/1809-58442017312. Available from: http://ref.scielo.org/vqmx3k
KISCHINHEVSKY, M. et al. A consolidação dos estudos de rádio e mídia sonora no século XXI – Chaves conceituais e objetos de pesquisa. Intercom, Rev. Bras. Ciênc. Comun. [online]. 2017, vol.40, n.3. ISSN 1809-5844. [viewed 15 February 2017]. DOI: 10.1590/1809-5844201736. Available from: http://ref.scielo.org/k45ryf
MARTINEZ, M. Jornalismo Literário: revisão conceitual, história e novas perspectivas. Intercom, Rev. Bras. Ciênc. Comun. [online]. 2017, vol.40, n.3, pp.21-36. ISSN 1809-5844. [viewed 15 February 2017]. DOI: 10.1590/1809-5844201732. Available from: http://ref.scielo.org/j42cst
Para ler os artigos, acesse
Intercom, Rev. Bras. Ciênc. Comun. vol.40 no.3 São Paulo Sept./Dec. 2017
Link externo
Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação – INTERC: www.scielo.br/interc
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Últimos comentários