Paulo Cesar Gonçalves, Professor e editor do periódico História (São Paulo), Universidade Estadual Paulista Unesp, Assis, SP, Brasil.
A trajetória do periódico História (São Paulo)
Criado em 1982, o periódico História (São Paulo) é um dos mais antigos periódicos acadêmicos publicados pela Unesp e um dos mais tradicionais da área de História em circulação no Brasil. A partir de 1990, o periódico passou a ser editado pelos Programas de Pós-Graduação em História da Unesp – câmpus de Assis e de Franca, sendo avaliado pela Capes como Qualis A1.
Desde 2003, o periódico está indexado à Coleção SciELO e, em 2007, foi extinta a publicação impressa. Inicialmente, eram publicadas duas edições em um volume anual. A partir de 2016, adotou-se a publicação dos manuscritos (à exceção dos artigos que integram os dossiês) em modalidade ahead of print, conferindo maior agilidade de divulgação, pois, assim que aprovados e editados, eram enviados imediatamente à SciELO para publicação. Como consequência, os números das edições foram suprimidos dos volumes anuais.
A política editorial do periódico destaca-se pelo ecletismo temático e contempla um amplo leque de estudos, temas, recortes espaciais e balizas temporais do campo da História, garantido, assim, a diversidade de abordagens, enfoques teóricos inovadores por meio de dossiês temáticos, artigos de tema livre, entrevistas, análises de fontes e documentos, além de resenhas críticas. O objetivo é oferecer aos leitores informações relevantes sobre as tendências mais atuais do campo historiográfico.
O periódico História (São Paulo) publica manuscritos originais em português, inglês, espanhol, francês e italiano, que são submetidos a uma avaliação preliminar realizada pelo Conselho Editorial e, caso aprovados, encaminhados a assessores ad hoc para emissão de pareceres de mérito, dentro do sistema peer review. Todos os manuscritos são obrigatoriamente submetidos on-line pelo sistema ScholarOne.
Como será a Semana Especial
Completando o primeiro dia, o post “História (São Paulo), fazendo História há quase quatro décadas na visão do professor José Luis Bendicho Beired”, destaca alguns trechos da entrevista concedida por Beired, na qual desvela a trajetória do periódico, discorrendo sobre as origens das primeiras publicações na área de História da Unesp, o pioneirismo de alguns professores, além dos caminhos e das experiências que levaram ao surgimento e à consolidação desse periódico como veículo de comprovada excelência na divulgação do conhecimento histórico.
No segundo dia, o press “Balanço historiográfico e novas perspectivas sobre desenvolvimento econômico e expansão territorial de São Paulo”, apresenta o artigo escrito pelos professores Paulo Cesar Gonçalves, Lélio Luiz de Oliveira e Pablo Oller Mont Serrath. Os pesquisadores discutem, de forma propositiva e crítica, a colonização em terras paulistas por meio da produção historiográfica sobre o tema e apontam perspectivas para uma nova agenda de pesquisa que articulem aspectos estruturais e conjunturais entrelaçando, no recorte temporal proposto, São Paulo e capitalismo global. O estudo também contextualiza os manuscritos de pesquisadores consagrados e da nova geração que compõem o dossiê “História da colonização em terras paulistas: dinâmicas e transformações (séculos XVI a XX)”, que contou com apoio financeiro da Fapesp.
O post “A fazenda mista colonial paulista entre a economia e a cultura”, mostra alguns aspectos do artigo escrito por José Jobson de Andrade Arruda. O objetivo do pesquisador é propor o desenvolvimento de uma renovada vertente da história agrária colonial, centrando-se no modo de vida constituído no período colonial no espaço da capitania vicentina (São Paulo), cujo epicentro era a fazenda mista – caracterizada por sua diversificação produtiva agropastoril – entendida como microcosmo socioeconômico e cultural.
Iniciando o terceiro dia, o post “A expansão da malha fundiária paulista e a ocupação do sertão, séculos XVI ao XIX”, apresenta o artigo de Carlos de Almeida Prado Bacellar, que tem por intuito discutir o processo de expansão da colonização das terras em direção ao Oeste paulista. Ao analisar a interação entre a pequena lavoura de alimentos, baseada na terra informalmente ocupada, e a grande lavoura comercial e escravista, o pesquisador observa a complexidade da dinâmica do desbravamento das terras do sertão através do papel exercido pelos roceiros e posseiros, posteriormente seguidos pelos grandes lavradores, que conseguiram adquirir a terra dos pioneiros por sesmarias ou compras.
O post “Em busca de uma economia esquecida no fundo da Mata Atlântica”, refere-se ao artigo de Vera Lucia Amaral Ferlini, que traz os primeiros resultados de uma pesquisa inovadora que reúne rigor historiográfico e metodologias digitais (georreferenciamento) para identificar, na Mata Atlântica do litoral da Baixada Santista, vestígios das primeiras ocupações da colonização portuguesa, mais precisamente, fazendas e engenhos. O objetivo é esboçar o perfil econômico da região ligada predominantemente à produção açucareira, através da criação de um banco de dados, que também permitirá a elaboração de um Atlas Digital.
No quarto dia, o tema do escravismo em São Paulo é analisado em dois posts. O primeiro, “O comércio de gentes nas praias do litoral norte de São Paulo”, destaca o artigo de Thiago Campos Pessoa sobre o tráfico ilegal de escravizados após a Lei Feijó de 7 de novembro de 1831, mais precisamente na região litorânea no norte da província. Entre as décadas de 1830 e 1850, fazendas, sítios e barracões foram montados nas praias como partes da logística do tráfico clandestino de escravizados destinados às fazendas do Vale do Paraíba paulista e fluminense. Nas palavras do pesquisador, “um passado incômodo, doloroso e inglório que se quis esquecer”.
O segundo post, “Os paulistas e a abolição como estratégia de poder”, traz o artigo de Rodrigo Goyena Soares, que analisa as estratégias políticas de um grupo específico de cafeicultores paulistas para manutenção do poder econômico e consolidação do poder político na futura república. Denominados pelo pesquisador de “Republicanos de meias sinceridades”, esses fazendeiros perceberam na crise da escravidão uma janela de oportunidades para ampliar sua participação na administração pública. Para tanto, adotaram “uma política de paciência estratégica” para que o desgaste político e econômico da abolição recaísse sobre a monarquia.
No quinto e último dia, o post “Avanço do agronegócio no Oeste paulista durante o século XIX e a violência contra os povos indígenas”, de Soraia Dornelles, trata da usurpação de terras indígenas pelo homem branco, que se mostra ainda bastante atual, por evidenciar o imperativo de se compreender a longa história de violência imposta aos indígenas no Brasil justificadas pelo agronegócio e pelo povoamento. Ao mesmo tempo, a pesquisadora revela a agência desses povos para garantir ou retardar a perda de territórios e autonomia: do deslocamento para os aldeamentos ao uso da violência, como ataques às fazendas e roças, furto de animais e objetos, além do assassinato de pessoas e animais.
No encerramento da Semana Especial, o post “O periódico História (São Paulo) como prefácio do Programa de Pós-Graduação em História da Unesp”, escrito por Carlos Alberto Sampaio Barbosa e Ricardo Alexandre Ferreira, apresenta uma reflexão sobre sucesso da unificação dos periódicos da área de História da Unesp como um marco na colaboração entre os Programas de Pós-Graduação de Franca e Assis. Uma experiência valiosa que serviu de lastro para criação do novo Programa de Pós-Graduação em História da universidade, a nova casa a abrigar o periódico. Além do texto dos coordenadores dos programas de pós-graduação em História, o post traz um vídeo, no qual Valéria dos Santos Guimarães (Unesp/Franca), minha parceira na editoria do periódico, apresenta as conquistas, os avanços e os desafios em termos dos pilares da política editorial elaborada pela SciELO: profissionalização, sustentabilidade, internacionalização.
Agradecimentos
Os editores do periódico História (São Paulo) agradecem ao Blog SciELO em Perspectiva | Humanas pela oportunidade de divulgar os artigos publicados em 2020. Da mesma forma, somos muito gratos aos autores e autoras, pareceristas ad hoc, membros do Conselho Editorial e Consultivo, equipe editorial, coordenadores dos programas de pós-graduação em História da Unesp de Assis e Franca, instituições de fomento, que muito contribuíram na missão de difundir o conhecimento histórico de qualidade produzido na academia.
Desejamos a todas e todos uma “Semana Especial” de excelentes leituras!
A seguir, assista ao vídeo de abertura da Semana Especial com o editor-chefe Paulo Cesar Gonçalves.
Links externos
História (São Paulo) – HIS: www.scielo.br/his
História (São Paulo): http://historiasp.franca.unesp.br/
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências e Letras – Câmpus de Assis: https://www.assis.unesp.br/
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências e Letras – Câmpus de Assis – Pós Graduação em História: https://www.assis.unesp.br/#!/ensino/posgraduacao/cursos/historia/
Sobre o autor
Paulo Cesar Gonçalves é professor assistente, doutor do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Unesp. Atua nas áreas de História Econômica e História Contemporânea, desenvolvendo pesquisas sobre Movimentos migratórios, colonização, tráfico de trabalhadores sob contrato, mundos do trabalho, organização do espaço produtivo. E-mail: pc.goncalves@unesp.br http://lattes.cnpq.br/2179010532675075
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