A reprodução de Bourdieu e Passeron muda a visão do mundo educacional

Ione Ribeiro Valle, professora titular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Bolsista de Produtividade em Pesquisa – CNPq, Nível 1D, Florianópolis, SC, Brasil.

Produzida n’outro momento histórico e n’outro contexto político, cultural e educacional, A reprodução se tornou uma referência incontornável à pesquisa em sociologia da educação. Ao mobilizar categorias teórico-metodológicas para a reflexão crítica dos sistemas de ensino, esta obra põe em xeque as promessas das políticas de democratização da educação e a ideologia do dom, permitindo compreender a persistência das desigualdades escolares e seu entrecruzamento com as desigualdades sociais.

A reprodução se inscreve num conjunto de análises que vêm tomando como principal referência a teoria praxiológica de Pierre Bourdieu e de alguns dos seus colaboradores. Os pesquisadores do Laboratório de Pesquisas Sociológicas Pierre Bourdieu (LAPSB) e do Grupo de Pesquisa Ensino e Formação de Educadores em Santa Catarina (GPEFESC), vinculados ao Centro de Ciências da Educação da UFSC, têm se dedicado à compreensão dessa complexa e polêmica teoria, que renovou o modus operandi sociológico, por meio da mobilização de suas lentes interpretativas visando à realização de estudos sobre as múltiplas dimensões dos sistemas brasileiros de ensino.

Fundo branco. Capa de dois livros de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron dispostos um ao lado do outro com os anos 1970 e 1975 acima. O primeiro "La reproduction", uma capa branca com textos em preto alinhados ao lado direito, uma imagem em preto e branco. O segundo "A reprodução", nome dos autores e do livro na parte de cima, uma arte com fundo retangular nas cores rosa e vermelha na parte de trás e uma ilustração de homem idoso em preto e branco na frente.

Imagem: Fotos do próprio autor.

Neste artigo, em particular, são apreciadas algumas especificidades de A reprodução que levam a considerá-la como uma obra clássica. Num primeiro momento, apresentam-se as reflexões gerais da obra; em seguida, destacam-se os indicadores políticos, culturais e educacionais que levam à formulação da teoria da violência simbólica; e, por fim, discutem-se os aspectos de sua recepção em terras brasileiras, com ênfase para sua contribuição à pesquisa educacional no contexto contemporâneo.

Nossas escolas e universidades não têm conseguido, de modo qualificado, combinar o aporte das diferentes ciências (dos conteúdos escolares) com os direitos constitucionais, dadas as condições desiguais de existência da nossa população. Neste quadro, A reprodução, assim como as obras que a seguem, provoca no pesquisador o desejo de problematizar suas teses, particularmente aquelas que atribuem aos sistemas de ensino um lugar central na continuidade política e cultural. O próprio Bourdieu, ao se referir à mensagem de A reprodução como sendo não propriamente profética, entende que, assim como toda profecia, ela propõe uma verdade que balança as estruturas mentais e, portanto, muda a visão de mundo.

Para ler o artigo, acesse

VALLE, I.R. A reprodução de Bourdieu e Passeron muda a visão do mundo educacional. Educação e Pesquisa [online]. 2022, vol. 48, e254909 [viewed 17 August 2022]. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202248244296. Available from: https://www.scielo.br/j/ep/a/hMZqk7tS7JMvRcTt3nhK47y/.

Referências

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VALLE, I.R. and SOULIÉ, C (org.). Pierre Bourdieu: uma sociologia ambiciosa da educação. Florianópolis: UFSC, 2019.

Links externos

Grupo de Pesquisa Ensino e Formação de Educadores em SC e Lab Pesquisas Sociológicas Pierre Bourdieu – Gpefesc-Lapsb: http://www.facebook.com/gpefesc

Educação e Pesquisa EP: https://www.scielo.br/j/ep/

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

VALLE, I.R. A reprodução de Bourdieu e Passeron muda a visão do mundo educacional [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2022 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2022/08/17/a-reproducao-de-bourdieu-e-passeron-muda-a-visao-do-mundo-educacional/

 

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