Marina Valentim Brasil, doutora em Psicologia Social (PUCRS). Integrante do Grupo de Pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais (PVPP- PUCRS). Porto Alegre, RS, Brasil.
Isadora Graeff Bins Ely, bolsista de Iniciação Científica CNPq, Membra do Grupo de Pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais (PVPP), Graduanda de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Angelo Brandelli Costa, professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, e do Programa de Pós-graduação em Ciências Medicina e Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e coordenador do Grupo de Pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais. Porto Alegre, RS, Brasil
O entendimento do conceito de democracia é necessário para o engajamento cívico efetivo, servindo de indicativo dos efeitos da educação para a vida pública que tem ocorrido em nosso contexto. Em busca de compreender o entendimento dos jovens acerca do conceito, estabelecemos contato com uma escola pública de Porto Alegre, RS, a fim de realizar uma pesquisa, que contou com 197 estudantes de Ensino Médio respondendo à pergunta norteadora “O que é democracia?”.
A partir de uma Análise Temática das respostas, constatamos que as ideias dos jovens sobre democracia estão apoiadas em narrativas de caráter teórico e de senso comum, não parecendo evidenciar um maior envolvimento com o assunto. Discutimos também que, apesar da diversidade de recursos de mobilização disponíveis na atualidade e de posturas pró-democracia, é provável que a maior barreira para um exercício efetivo da vida pública resida na carência de oportunidades para instrumentalizar-se politicamente, através de informações mais abrangentes e a defesa dos valores democráticos.
Carecemos, portanto, de garantias institucionais no aspecto mais defendido como indispensável pela literatura acadêmica: a garantia de uma educação política. Defendemos que a maior lacuna para a promoção da cidadania jovem ativa é a insuficiência de espaços formais dedicados a esse propósito, e que tais espaços devem ser estabelecidos dentro das escolas.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, recorte de uma pesquisa maior de mestrado acadêmico da doutora Marina Valentim Brasil, do grupo de pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais (PVPP), coordenado pelo doutor Angelo Brandelli Costa, professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O PVPP possui um núcleo que aborda projetos que englobam o tema da Política no Brasil, o qual busca pesquisar os fenômenos que atravessam a política brasileira, a partir de uma compreensão e metodologias embasadas na Psicologia Social. Desse modo, o tema da democracia e do engajamento cívico dos jovens brasileiros é visto como extremamente importante de ser pesquisado e pensado academicamente, de modo que sejam expostas as problemáticas envolvidas na construção cívica da população brasileira.
A partir da Análise Temática, constituíram-se quatro eixos temáticos no estudo: Democracia e Igualdade, (N= 27) com a ideia de que a democracia está associada à temática da igualdade entre todos; Opinião e Liberdade (N= 32), que associa democracia a liberdade de expressão; Poder do Povo (N=43), com a ideia de centralização do poder na população; Poder do Voto (N=44), com as respostas centralizadas nas eleições e direito ao voto.
A partir desses eixos, foi possível fazermos um apanhado histórico das motivações por trás das diferentes definições de democracia. Entretanto, observamos um distanciamento e limitação na compreensão dos jovens acerca do tema, expondo uma necessidade de ambientes formais para a construção da educação cívica desse grupo.
O trabalho em questão parte da posição de que o apoio do Estado na diminuição das desigualdades sociais também necessita ocorrer através da educação cívica. Para exercer o papel cívico, os indivíduos necessitam ter à disposição o conhecimento sobre o funcionamento da esfera política (Finkel, 2003; Finkel & Ernst, 2005; Martins & Barros, 2018).
Assim, acreditamos que o conhecimento sobre política é um direito fundamental e que deve ser garantido pelo Estado, bem como outros direitos básicos. Os jovens possuem recurso e potencial para tornarem-se cidadãos competentes e organizarem-se enquanto grupo social, embora com demandas e necessidades específicas. O que lhes falta é o investimento, que não é sinônimo de uma ideologia doutrinadora, como algumas classes conservadoras no Brasil insistem em defender.
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BRASIL, M., ELY, I. and BRANDELLI COSTA, A. ENGAJAMENTO, DELIBERAÇÃO E INFORMAÇÃO: COMO OS ESTUDANTES PENSAM A DEMOCRACIA. Educação em Revista [online]. 2023, vol. 39, e40763 [viewed 04 October 2023]. https://doi.org/10.1590/0102-469840763. Available from: https://www.scielo.br/j/edur/a/tS9f4hL3JzKydzNhvR4gyGz/
Referências
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Links externos
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