Andréa Cerqueira Souza é especialista em marketing, atua com comunicação e marketing científico em publicações da Fundação Getulio Vargas, São Paulo, SP, Brasil.
O ambiente de trabalho tem sido identificado como um espaço social, onde as mudanças que abordam e buscam eliminar a violência sexual cometida contra as mulheres, podem ser implementadas e aplicadas por meio de medidas voltadas à igualdade de gênero (Webster et al., 2018). O assédio sexual é frequentemente praticado por líderes, gerentes ou supervisores, como resultado de relações de poder abusivas. Reconhecer e abordar a tolerância cultural à violência sexual nas organizações é um dos passos para tratar desta questão.
Apresentamos no texto “Assédio sexual no trabalho: Um problema de liderança” argumentos que corroboram com a ideia mostrada anteriormente. Fatos recentes dos Estados Unidos, como o julgamento e condenação de Harvey Weinstein; e pesquisas da Austrália, como os resultados da consulta nacional sobre o assédio sexual no trabalho (Gebicki, Meagher, & Flax, 2018), realizada pela Comissão Australiana de Direitos Humanos (Australian Human Rights Commission’s [AHRC]), mostram que a prática da violência sexual contra mulheres no ambiente de trabalho continua ocorrendo. Embora muitas outras pessoas também sejam vítimas de má conduta sexual nesse tipo de ambiente (por exemplo pessoas LGBTQI+ e homens), neste artigo, enfocamos especificamente na violência direcionada às mulheres.
Com o objetivo de ilustrar as formas pelas quais homens em posições de liderança utilizam seu poder para abusar das mulheres, analisamos dois casos de grande repercussão na mídia que ajudaram a atrair atenção para essa questão. Esses casos constituem de exemplos terríveis das relações entre poder, violência e liderança, bem como da complexidade das práticas coercitivas na intersecção das diferenças (por ex., gênero, classe social, idade, etnicidade).
Concluímos argumentando que o enfrentamento da violência sexual, e a conquista da igualdade nas organizações, exigem uma ruptura das condições subjacentes que reproduzem os privilégios e injustiças, incluindo a tolerância cultural à violência. Para lidar com esses atos e condições organizacionais é preciso um compromisso profundo por parte da liderança, juntamente com a construção de alianças em todos os níveis das instituições.
No vídeo a seguir os autores comentam sobre os achados da pesquisa:
Referências
GEBICKI, C., MEAGHER, A. and FLAX, G. Everyone’s business: Fourth national survey on sexual harassment in Australian workplaces. Sydney: Australian Human Rights Commission, 2018.
WEBSTER, K., et al. Australians’ attitudes to violence against women and gender equality. Findings from the 2017 National Community Attitudes towards Violence against Women Survey (NCAS) (Research report, 03/2018). Sydney: ANROWS, 2018.
Para ler o artigo, acesse
MCEWEN, C., PULLEN, A. and RHODES, C. HARASSMENT AT WORK: A LEADERSHIP PROBLEM. Revista de Administração de Empresas [online]. 2021, vol.61, no.02 [viewed 13 September 2021]. https://doi.org/10.1590/S0034-759020210207. Available from: http://ref.scielo.org/234397
Links externos
Celina McEwen Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3121-5114
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