Entrevista com Maria Isabel da Cunha

Maria Isabel da Cunha

Maria Isabel da Cunha

Por Wilson Gambeta

Todos parecem saber identificar um professor e dizer o que ele faz no seu trabalho. Entretanto, definir como se forma esse profissional e o que caracteriza exatamente as suas atividades é cada vez mais difícil no mundo contemporâneo, pois a profissão docente pode ser olhada por diferentes pontos de vista.

Maria Isabel da Cunha é estudiosa da área de formação de professores, com mestrado em educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1979) e doutorado em educação pela Universidade Estadual de Campinas. Ela é professora aposentada da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (RS) onde foi Pró-Reitora de Graduação e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação. Fez parte da Comissão de Avaliação da área de educação da CAPES, da comissão que propôs o SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), da CONAES (Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior) e integrou o Comitê de Assessoramento de Educação do CNPq. Atua também nas áreas de pedagogia universitária e avaliação institucional.

A professora Maria Isabel foi entrevistada pela equipe editorial da Educação e Pesquisa <http://www.scielo.br/ep> a respeito do artigo publicado na terceira edição do periódico, em 2013. O artigo, que trata da formação de professores, mapeou as tendências teórico-práticas que marcaram a compreensão da docência no Brasil.

1. Prezada Maria Isabel, qual a importância de estudar a formação de professores hoje?

A profissão de professor carrega uma ambiguidade: ela está entre aquelas mais compreendidas universalmente, próxima ao senso comum e, ao mesmo tempo, cada vez é mais complexa. Como explicar esse fenômeno? Que mudanças vão ocorrendo que afetam a docência? Estas são as provocações que estimulam os estudos sobre a formação de professores.

2. Como se estuda a docência?

Essa questão remete a muitas alternativas. A pesquisa tem sido a principal estratégia de compreensão da docência. Mas ela revela diferentes tensões. Pode conceber o professor como um especialista da matéria de ensino, como um mediador de culturas, como um agente político de mudanças, como propulsor de inovações, como um guardião da ordem. Cada perspectiva revela uma visão epistemológica e uma visão de mundo. Delas decorre uma concepção de docência.

Compreender numa perspectiva histórica como foram se produzindo as visões de docência e os movimentos que incidiram sobre a formação de professores nos ajuda e entender esse processo.

3. De que precisam os professores na sua formação?

A qualidade de formação se institui pela capacidade autônoma de tomar decisões fundamentadas e com bom senso. Aos professores precisa se devolver essa autonomia e ajudá-los a se responsabilizar por elas. Essa é a condição de profissionalização. As estratégias para tal exigem atitudes e compromissos políticos e éticos. Depende de movimentos institucionais e do empoderamento dos próprios professores.

4. Porque você se dedica à formação de professores?

Porque acredito que ensino e aprendo com eles. Creio que o diálogo com a prática que se ilumina com a teoria nos ajuda a ter esperanças na escola. Aposto que o professor é capaz de fazer diferença na vida dos estudantes. E a partilha de trajetórias que lhes ajudem a ser melhores profissionais é muito gratificante.

5. Que desafios são ainda emergentes para o campo da formação de professores?

A prática da formação precisa aproximar a universidade da escola e usar a pesquisa como um elo nessa relação. Diminuir barreiras e trabalhar em conjunto se constitui na saída para qualificar tanto o trabalho acadêmico como a prática escolar.

Para ler o artigo, acesse:

CUNHA, Maria Isabel da. O tema da formação de professores: trajetórias e tendências do campo na pesquisa e na ação. Educ. Pesqui. [online]. 2013, vol.39, n.3 [citado  2013-10-11], pp. 609-626. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022013000300004&lng=pt&nrm=iso>.

Link relacionado:

Educação e Pesquisa <http://www.scielo.br/ep>.

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

Entrevista com Maria Isabel da Cunha [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2013 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2013/10/15/entrevista-com-maria-isabel-da-cunha/

 

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