Exposições de um museu de ciências, o MAST, como são pensadas?

Deborah Cotta, doutoranda no Programa de Pós-graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGE/FaE/UFMG). Belo Horizonte, MG, Brasil.

Eline Deccache-Maia, professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro vinculada ao Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências (PROPEC) e é líder do Grupo de Pesquisa Ciência, (Arte), Tecnologia e Sociedade – C(A)TS.

Os museus são, como conhecemos hoje, fruto de processos históricos longos e complexos, que incluem adaptações, transformações e negociações, podendo ser identificadas nesse processo a existência de várias gerações. Os museus de ciências naturais acompanharam as gerações que foram se consolidando ao longo do tempo, até chegarem à terceira geração de museus, que tem, entre as suas muitas características, a atenção na promoção da alfabetização e divulgação científica, dando especial ênfase ao público como uma peça importante a ser considerada em sua dinâmica.  Conhecer o museu por dentro, entendendo a elaboração das exposições, suas motivações e seus valores, nos ajuda a potencializar o seu papel como espaço cultural e educativo.

É neste sentido que se apresenta o artigo “Processos de produção de exposições em um museu de ciências: O MAST como exemplo” publicado na Revista Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (v.23). Tomando como referência a teoria museológica que compreende os museus a partir dos modelos tradicional, emergente e de transição (CURY, 2014; ZAVALA, 2006), os autores discutem como as práticas relacionadas à composição e visitação das exposições museais de ciências foram sendo modificadas. Em um modelo tradicional de museu as exposições são pensadas a partir da relação entre homem, objeto e museu e as visitas se constituem como momentos individuais, resumidos a observação e leitura de informações. O modelo emergente, por sua vez, é pensado tendo como base a tríade sociedade, patrimônio e território. Nele, cultura e história são construídas também nos museus e o público participa dos processos, desde a curadoria até a visitação. Este, porém, é ainda um modelo ideal, e os museus que aproximam algumas de suas práticas a essas tendências são considerados como museus em transição.

Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil. Direitos autorais: EBC – Empresa Brasil de Comunicação/Agência Brasil.

A partir de entrevistas semiestruturadas realizadas com profissionais envolvidos na produção de exposições do MAST, os autores identificaram 7 temas principais sintetizados pelos entrevistados: as exposições; a escolha do tema; a classificação; o planejamento; a execução; características fundamentais da exposição; e relação com o público escolar.

A partir da análise das entrevistas os autores perceberam que em alguns contextos o MAST se aproxima do modelo tradicional de museus, e em outros se identifica com o modelo emergente, demarcando assim seu período de transição. A preocupação com os interesses do público, com a participação democrática na gestão do museu e com a exposição enquanto instrumento de comunicação científica e de educação indicam um importante percurso já traçado em direção ao formato emergente. Este, mais democrático e alinhado ao que nossa sociedade demanda, visa a formação de cidadãos críticos, conscientes, atuantes e protagonistas de suas (novas) práticas sociais.

Referências

CURY, M. X. Museologia e conhecimento, conhecimento museológico – Uma perspectiva dentre muitas. Revista Museologia & Interdisciplinaridade [online]. 2014, vol. 03, pp. 55-73 [viewed 15 March 2021]. https://doi.org/10.26512/museologia.v3i5.15470. Available from: https://periodicos.unb.br/index.php/museologia/article/view/15470

ZAVALA, L. Antimanual del museólogo. Hacia una museología de la vida cotidiana. uam/inah/Conaculta [online]. 2012 [viewed 15 March 2021]. Available from: http://blogs.fad.unam.mx/academicos/patricia_vazquez/wp-content/uploads/2015/09/276731178.Unidad-5-Zavala-Antimanual-del-museologo.pdf

Para ler os artigos, acesse

DUBRULL, D. S. and DECCACHE-MAIA, E. PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE EXPOSIÇÕES EM UM MUSEU DE CIÊNCIAS: O MAST COMO EXEMPLO. Ens. Pesqui. Educ. Ciênc. (Belo Horizonte) [online]. 2021, vol.23, e25326. https://doi.org/10.1590/1983-21172021230110. Available from: http://ref.scielo.org/fbmqdw

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Como citar este post [ISO 690/2010]:

COTTA, D. and DECCACHE-MAIA, E. Exposições de um museu de ciências, o MAST, como são pensadas? [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2021 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2021/04/20/exposicoes-de-um-museu-de-ciencias-o-mast-como-sao-pensadas/

 

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