Daphne Rodrigues Pereira, Psicóloga do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; doutoranda em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ). Rio de Janeiro, RJ – Brasil.
Marilene de Castilho Sá, Pesquisadora Titular e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ). Rio de Janeiro, RJ- Brasil.
O transplante de medula óssea se destaca como um procedimento complexo, cuja produção científica costuma se ater aos aspectos biomédicos deste. Isto é: observa-se uma lacuna no que tange aos efeitos subjetivos do procedimento, principalmente em relação ao profissional que o executa.
O artigo As dimensões intangíveis da prática assistencial: biopolítica, ética e afeto em sua relação com a clínica é a primeira parte de uma pesquisa de doutorado do programa de saúde pública da ENSP/FIOCRUZ, que traz os resultados da observação de campo. Aborda o que chamamos de “dimensões intangíveis do cuidado” por meio de vinhetas clínicas e foi realizada em 2021 em um centro de referência nacional para o SUS. Nosso objetivo é sinalizar o lugar do profissional neste campo que afeta e é afetado em sua prática diária.
Partindo deste cenário, a psicóloga Daphne R. Pereira, orientada pela pesquisadora e docente da ENSP/ FIOCRUZ, Marilene de Castilho Sá, investigaram quais afetos atravessam a equipe do transplante de medula óssea durante o planejamento e execução do mesmo. A metodologia aplicada foi a o uso de narrativas, analisadas sob o referencial teórico da psicanálise. Esta é uma abordagem inédita no que concerne à literatura nacional desta área.
Por meio do relato dos profissionais, aborda-se a assistência para além de protocolos e procedimentos. O que denominamos dimensões intangíveis do cuidado são aspectos que constituem a assistência, mas não são comumente percebidos, sendo muitas vezes negligenciadas pelos gestores. Neste campo, mostram-se como axiais ao trabalho as dimensões da biopolítica, ética e afeto. Estas dimensões são ilustradas por vinhetas que condensam as principais questões que permeiam o cotidiano da equipe.
Conclui-se que abrir espaço para o profissional falar de como sua prática de trabalho e sua subjetividade se constituem reciprocamente é fundamental para a melhor compreensão do trabalho institucional, inclusive para os gestores. Além disto, reconhecer este fato permite criar novos modelos para pensar a formação para o trabalho em saúde.
Para ler o artigo, acesse
PEREIRA, D.R. and SÁ, M.C. As dimensões intangíveis da prática assistencial: biopolítica, ética e afeto em sua relação com a clínica. Interface (Botucatu) [online]. 2022, no. 26, e210455 [viewed 15 March 2022]. https://doi.org/10.1590/interface.210455. Available from: https://www.scielo.br/j/icse/a/8yGB5ZCPK5fLCRT6gSY6TjG/?lang=pt
Link(s)
Interface – Comunicação, Saúde, Educação – ICSE: https://www.scielo.br/j/icse/
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