Diana Gonçalves Vidal, Professora Titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil.
Anísio Teixeira foi educador e intelectual brasileiro, responsável pela reforma educacional da capital da República em 1931, participou das disputas em torno à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) 4024/61, criou a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), dentre outras iniciativas. O artigo Plantar, traduzir, minerar: Anísio Teixeira (1935-1947), publicado na Educação em Revista (vol. 40, 2024), aborda a atuação de Anísio Teixeira na Companhia Editora Nacional como curador da coleção Biblioteca do Espírito Moderno e sua passagem pela Unesco.
O objetivo é preencher duas lacunas: uma de caráter histórico, esmiuçando as atividades do educador entre 1935 e 1947, superficialmente apontadas nos estudos; e outra de caráter historiográfico, utilizando como lentes de análise a teoria das redes e a história transnacional, de modo a perceber o trânsito internacional de Teixeira na configuração do campo educacional no Brasil e no exterior e nos âmbitos da política e intervenção social.
Parte de investigações realizadas por Maria Rita Toledo (2013) e Diana Gonçalves Vidal (2000), nos arquivos do Centro de Memória e Pesquisa Histórica (CMPH) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em São Paulo; do Fundo Anísio Teixeira do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) no Rio de Janeiro; e dos Unesco Archives em Paris, contaram com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP- Processo 2018;/26699-4).
Figura 1. Fotografia do então Reitor da Universidade de Brasília, Anísio Teixeira.
A principal contribuição do artigo para as discussões em história da educação é a metodologia de que faz uso. Não interessa às autoras uma imersão biográfica. Ao contrário, almejam perceber Anísio enquanto hub e nó. Na teoria das redes, hubs são “nós atrativos”, que apresentam potencial disseminador de tendências e informações, com contatos pessoais numerosos e capacidade de influência nas ligações, podendo designar tanto indivíduos, quanto grupos, corporações ou qualquer tipo de coletivo (Barabási, 2003). Mas na dinâmica das redes, também, o que se considera por hub pode se apresentar apenas como um nó, no deslocamento da perspectiva de análise. Assim, ao abordarem Anísio Teixeira, alternando entre a posição como nó ou como hub, as autoras propõem novas leituras sobre a atividade do educador no Brasil e no exterior.
Na conclusão, afirmam Toledo e Vidal que os elementos mobilizados pela escrita suscitam sendas para o entendimento das ações posteriores lideradas por Teixeira na arena educacional brasileira no imbricamento das redes constituídas dentro e fora do país. De fato, há ainda muito explorar sobre as relações entre a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Ponto IV, a CAPES, o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE), o Centro Regional de Pesquisas Educacionais (CRPE) de São Paulo e os acordos MEC-USAID, entramadas e intermediadas por Teixeira nos anos 1950 e 1960.
A seguir, assista ao vídeo em que a autora Diana Gonçalves Vidal fala sobre o artigo:
Referências
BARABÁSI, A.L. Linked: how everything is connected to everything else and what it means for business, science, and everyday life. New York: Plume, 2003.
TOLEDO, M.R. A. Coleções autorais, tradução e circulação: ensaios sobre a geografia cultural da edição (1930-1980). 2013. Dissertação (Livre-Docência) – Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos, 2013.
VIDAL, Diana.Na batalha da educação: correspondência entre Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo (1929-1971). Bragança Paulista: EDUSF, 2000.
VIDAL, D.G. O que fez Anísio Teixeira, quando afastado da administração pública da educação, entre 1935 e 1947? [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2024 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2024/08/13/anisio-teixeira-entre-1935-e-1947/
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