Wisllayne Ivellyze de Oliveira Dri, professora, Educação Básica na Rede Municipal de Hortolândia e Pesquisadora colaboradora, Laboratório de Políticas Públicas e Planejamento Educacional (LAPPLANE) FE-UNICAMP, Campinas, SP, Brasil
Lélia Santiago Custódio da Silva, docente, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Brumado, BA, Brasil
Nos últimos anos, a formação didático-pedagógica dos professores do ensino superior vem se constituindo como um debate recorrente no meio acadêmico. Uma das razões que torna essa discussão relevante se refere ao déficit de uma formação pedagógica na trajetória dos professores universitários, que resulta no despreparo desses profissionais em relação aos processos de ensino e aprendizagem.
Na universidade, há muitos docentes titulados com pouca ou nenhuma experiência pedagógica (Vilela; Melo, 2017), sendo necessário colocar a pedagogia no centro do contexto universitário (Nóvoa; Amante, 2015). Nesse sentido, as experiências em cursos de formação para futuros professores da educação superior propiciam aos pós-graduandos o contato prático e teórico com o fazer pedagógico, despertando a importância de uma formação didático-pedagógica ao longo da trajetória docente universitária.
É neste cenário que o estudo A formação continuada dos professores do ensino superior: formação e prática pedagógica se insere. O objetivo dessa pesquisa qualitativa foi analisar as percepções dos facilitadores da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP), através de um questionário virtual para a coleta de dados empíricos, acerca de suas experiências pedagógicas na formação continuada de professores do ensino superior.
A inclusão dos facilitadores da UNIVESP como participantes da pesquisa se deu devido ao fato de a instituição ser um espaço público institucionalmente relevante, sobretudo porque é uma das poucas universidades públicas direcionadas para a educação a distância no país. Aos facilitadores, cabem as ações pedagógicas que envolvem aspectos sobre o conhecimento em si das disciplinas mediadas, como também a experiência de ser discente do curso de formação continuada.
Na análise dos dados, identificaram-se as conexões e as similaridades das respostas para que fosse possível agrupá-las em categorias temáticas, de acordo com Bardin (2011). A categoria o lugar dos facilitadores buscou captar as impressões que os facilitadores têm sobre o seu lugar na instituição, enquanto a categoria a experiência pedagógica da formação envolveu as perspectivas dos facilitadores sobre as práticas pedagógicas que exercem no curso de formação continuada da UNIVESP. Assim, foi possível contemplar os significados atribuídos pelos próprios facilitadores à sua prática pedagógica.
Os participantes reconhecem a experiência de ser facilitador como um processo pedagógico importante na sua formação profissional. Muitos facilitadores são professores de escolas de educação básica ou de outras instituições do ensino superior, e, possivelmente, futuros docentes universitários. Nas respostas discursivas, muitos facilitadores não se sentem reconhecidos em seu papel institucional. Além da falta de reconhecimento, foram apontados problemas de sobrecarga e remuneração do trabalho que dificultam a qualidade da prática.
Para os participantes, ocupar o lugar de facilitador é uma tarefa ambígua devido à combinação de funções docentes e não docentes. Isto porque, apesar de, em termos institucionais não serem considerados, a maior parte deles se reconhecem como professores.
Em relação à experiência da formação, esta é uma oportunidade de reflexão sobre o fazer pedagógico no contexto acadêmico de ensino a distância. Tal curso não resolve o problema de falta de conhecimento e estratégias didático-pedagógicas históricas dos professores ou futuros professores do ensino superior, mas apresenta referências e experiências que buscam despertar nesses facilitadores a importância de uma formação pedagógica ao longo do seu percurso formativo para docente de ensino superior.
Nessas circunstâncias, a UNIVESP destaca-se como um espaço de ensino singular, com a perspectiva de cursos de graduação e de cursos de formação continuada para os facilitadores. O curso de formação proporciona aos facilitadores pensar o fazer pedagógico. Para aqueles sem experiência na docência, promove uma aproximação com perspectivas da pedagogia universitária. Já para aqueles que são professores em outras instituições, pode permitir uma reflexão, desconstrução e reinvenção das suas práticas em sala de aula.
Diante disso, vislumbramos a importância de novos estudos sobre a prática dos facilitadores, uma vez que esses bolsistas participam ativamente da trajetória dos estudantes que ingressam no ensino superior da UNIVESP.
Para ler o artigo, acesse
DRI, W.I.O., et al. A formação continuada pedagógica na docência do ensino superior: reflexões sobre o lugar dos facilitadores na educação a distância. Educ. rev. [online]. 2024, vol. 40, e48048 [viewed 22 November 2024]. https://doi.org/10.1590/0102-469849420. Available from: https://www.scielo.br/j/edur/a/68m8YJ7pBbJbXhmh3nZhZry/
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011, 229p.
NÓVOA, A. and AMANTE, L. Em busca da Liberdade. A pedagogia universitária do nosso tempo. REDU. Revista de Docencia Universitaria [online]. 2015, vol.13, no. 1, pp. 21-34 [viewed 22 November 2024]. https://doi.org/10.4995/redu.2015.6441. Available from: https://polipapers.upv.es/index.php/REDU/article/view/6441
VILELA, N.S. and MELO, G.F. Ações formativas no contexto universitário: saberes e identidade docente. Revista Docência do Ensino Superior [online]. 2017, vol. 7, no. 1, pp. 94–109 [viewed 22 November 2024]. https://doi.org/10.35699/2237-5864.2017.2223. Available from: https://periodicos.ufmg.br/index.php/rdes/article/view/2223
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