Contradições na opinião pública sobre a militarização das escolas estaduais em Goiás

Eduardo Junio Ferreira Santos, professor, Instituto Federal de Goiás (IFG), Anápolis, GO, Brasil.

Miriam Fábia Alves, professora, Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (FE/UFG), Goiânia, GO, Brasil.

A pesquisa inédita Militarização da Educação em Goiás e Opinião pública: reflexões sociológicas em enunciados do jornal O Popular, publicada pelo periódico Educação em Revista (vol. 41, 2025), investiga a relação entre a opinião pública e a militarização da educação em Goiás, analisando textos do jornal O Popular, publicados entre 2015 e 2018. O estudo, de caráter documental e bibliográfico, foi conduzido por docentes do Instituto Federal de Goiás (IFG) e da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele revela como enunciados favoráveis à militarização são articulados para legitimar a expansão desse projeto, muitas vezes obscurecendo vozes críticas e complexidades do debate.

O artigo, ancorado nos referenciais teóricos de Bourdieu (1984; 2008), Bakhtin (1997), Carvalho (2013) e Aquino (2014), analisa a forma que atores como o Governo Estadual e a Polícia Militar de Goiás (PMGO) invocam um suposto apoio popular para justificar a militarização. Explorando, também, as motivações por trás da adesão de parte da população, como a insatisfação com a infraestrutura e com o funcionamento das escolas públicas.

Imagem: Brasil de Fato

Os resultados apontam para uma construção seletiva da opinião pública: autoridades interessadas na militarização ressoam discursos de apoio e relativizam vozes críticas e dissonantes. O estudo evidencia que, para legitimar o projeto de militarização, seus defensores instrumentalizam anseios da comunidade escolar, como a busca por disciplina e melhores condições de ensino. Dessa forma, apresentam a militarização como se fosse o atendimento legítimo de reivindicações da comunidade escolar.

O artigo conclui que a militarização da educação em Goiás é um projeto político que se utiliza da opinião pública como instrumento de chancela, obscurecendo as complexas dinâmicas sociais e educacionais envolvidas. A pesquisa convida a uma reflexão crítica sobre o papel da opinião pública no debate educacional e os riscos da simplificação de questões complexas.

Para ler o artigo, acesse

SANTOS, E.J.F., ALVES, M.F. and REIS, L.C.R. Militarização da educação e opinião pública: reflexões sociológicas em enunciados do jornal O Popular. Educação em Revista [online]. 2025, vol. 41, e46712 [viewed 14 May 2025]. https://doi.org/10.1590/0102-469846712. Available from: https://www.scielo.br/j/edur/a/wBfBrF8pjz7CvnGgBGWN93r/

Referências

AQUINO, J. Da autoridade pedagógica à amizade intelectual: uma plataforma para o éthos docente. São Paulo: Cortez, 2014

BAKHTIN, M.M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997

BOURDIEU, P. Compreender. In.: BOURDIEU, P. (ed.) A miséria do mundo. Petrópolis: Vozes, 2008

BOURDIEU, P. L’opinion publique n’existe pas. In.: BOURDIEU, P. (ed.) Questions de sociologie. Paris: Les éditions de minuit, 1984

CARVALHO, J.S. Reflexões sobre educação, formação e esfera pública. Porto Alegre: Penso, 2013

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