Dalila Oliveira, professora emérita, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenadora, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Gestrado (INCT Gestrado), Belo Horizonte, MG, Brasil.
Edmilson Pereira, estatístico e pesquisador, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Gestrado (INCT Gestrado), Belo Horizonte, MG, Brasil.
João Horta, pesquisador, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Brasília, DF, Brasil.
A avaliação da educação básica no Brasil tem sido dominada pelo uso de testes padronizados, como os do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Embora úteis, esses instrumentos não abrangem toda a complexidade do processo educacional brasileiro.
Os resultados do estudo realizado em 2024, por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), publicados no artigo Qualidade da Educação Básica: Para além dos testes cognitivos em larga escala (vol. 55, 2025), publicado pelo periódico Cadernos de Pesquisa, sugerem um modelo alternativo de avaliação que amplia a noção do que é “qualidade educacional” através da incorporação de fatores como: equidade, cidadania e gestão.
Baseado nos sete eixos da Matriz de Qualidade do Saeb, produzido pelo Inep, o estudo propõe uma abordagem multidimensional que utiliza dados provenientes de questionários contextuais aplicados a dirigentes municipais, diretores escolares, professores e estudantes.
Os dados coletados foram complementados por informações do Censo Escolar, também produzido pelo Inep, criando um panorama abrangente. A partir da análise, foi proposto um novo modelo que busca refletir a diversidade e os desafios enfrentados no sistema educacional brasileiro, superando a ênfase que os testes cognitivos dão aos resultados e incorporando elementos sociais e contextuais à avaliação.
Além da necessidade da um modelo de avaliação mais amplo, os pesquisadores salientam que priorizar excessivamente os testes padronizados pode distorcer a formulação de políticas públicas, por desconsiderar os demais aspectos e atores envolvidos no processo educacional.
As políticas públicas educacionais também devem abarcar aspectos, como: a valorização dos profissionais da educação, o fortalecimento e democratização da gestão escolar, a implementação de práticas pedagógicas adequadas e a promoção de uma educação voltada para a cidadania. Políticas educacionais inclusivas, por sua vez, são fundamentais para garantir qualidade educacional a todas as pessoas, especialmente aos grupos mais vulneráveis.
Por fim, os pesquisadores destacam que a implementação do modelo ampliado proposto é viável, utilizando os dados já disponíveis no Brasil, como os fornecidos pelo Inep e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse modelo tem o potencial de subsidiar políticas públicas que promovam uma visão integrada da educação, alinhada aos princípios de justiça social e inclusão.
Para ler o artigo, acesse
OLIVEIRA, D.A., JUNIOR, E.A.P. and NETO, J.L.H. Qualidade da educação básica: para além dos testes cognitivos em larga escala. Cadernos de Pesquisa [online]. 2025, vol. 55, e11295, ISSN: 1980-5314 [viewed 4 June 2025]. https://doi.org/10.1590/1980531411295. Available from: https://www.scielo.br/j/cp/a/5D9KZRJDfbGXbMmGT5JfwjK/
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