Autoeficácia docente é elemento fundamental para a efetivação da educação inclusiva

Bárbara Amaral Martins, Doutora em Educação, professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Programa de Pós-Graduação em Educação, Corumbá, MS, Brasil. 

Logo do periódico Paidéia (Ribeirão Preto).

Apesar dos esforços empreendidos em favor da construção de uma escola que seja para todos, a prática educacional revela situações de exclusão no interior dos ambientes de ensino, isto é, muitos alunos, principalmente os que compõem o público da educação especial, frequentam salas de aula comuns e são, muitas vezes, negligenciados em suas necessidades educacionais. 

Estudos apontam que a formação de professores é imprescindível para reverter esse quadro, os quais tendem a se queixar da falta de preparo para trabalhar com tal público. Por outro lado, a ênfase que recaiu sobre a educação inclusiva durante os últimos anos propiciou a inserção de conteúdos referentes a ela tanto em cursos de formação inicial de professores como de formação continuada, de modo que é cada vez menos frequente encontrar educadores sem qualquer bagagem formativa a respeito desse assunto. 

Uma vez que a autoeficácia docente corresponde ao julgamento que o educador faz a respeito de suas capacidades para promover a aprendizagem e o engajamento de seus alunos, ao se considerarem despreparados e incapazes de trabalhar com o público da educação especial, os professores evidenciam baixa autoeficácia docente no que se refere a práticas inclusivas. Nesse sentido, o artigo Sources of Teacher Self-Efficacy in Teacher Education for Inclusive Practices, publicado na Paidéia (Ribeirão Preto), vol. 31 (2023), configura-se como um relato de pesquisa que investigou se cursos de formação para práticas inclusivas que envolvem fontes de autoeficácia produzem efeitos na autoeficácia docente.

Peças de um jogo word board, sobre um fundo branco, formando a frase "yes, you can" (sim, você pode).

Imagem: Unsplash.

O estudo foi conduzido por Bárbara Amaral Martins (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS), durante seu doutoramento, sob orientação de Miguel Claudio Moriel Chacon (Universidade Estadual Paulista – Unesp), e contou com a participação de 36 professores. Parte desses profissionais realizou um curso sobre a inclusão de estudantes com deficiência intelectual e, os demais, sobre a inclusão de estudantes com altas habilidades/superdotação. As fontes de autoeficácia presentes nos cursos foram a persuasão social e as experiências vicárias. 

Os efeitos da formação foram avaliados a partir da Escala de Eficácia Docente para Práticas Inclusivas, nas versões Deficiência Intelectual e Altas Habilidades/Superdotação. Os resultados da pesquisa demonstraram que houve aumento na autoeficácia dos professores, ou seja, passaram a se sentir mais capazes de atuar com a inclusão dos alunos da educação especial que foram foco dos cursos realizados. Sendo assim, apontam para as potencialidades das fontes de autoeficácia abordadas na formação docente, a qual deve ir além de conhecimentos teóricos, de modo a envolver situações práticas do cotidiano educacional e promover o reconhecimento e a valorização dos avanços obtidos pelos professores na busca por efetivar práticas educacionais verdadeiramente inclusivas.

A replicação deste estudo em outros contextos e populações, bem como a diversificação das técnicas e dos procedimentos metodológicos são relevantes tanto para confirmar os resultados encontrados quanto para aprimorar as estratégias de fortalecimento da autoeficácia docente para a efetivação da educação inclusiva.

Semana Especial Paidéia (Ribeirão Preto) 2023

Referências

BANDURA, A. Self-efficacy: the exercise of control. New York: WH. Freeman and Company, 1997.

BZUNECK, J. A. Crenças de autoeficácia de professores: Um fator motivacional crítico na educação inclusiva. Revista Educação Especial (Santa Maria) [online]. 2017, vol. 30, no. 59, pp. 697-708 [viewed 18 October 2023]. https://doi.org/10.5902/1984686X28427. Available from: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/28427  

MARTINS, B. A. and CHACON, M.C.M. Escala de Eficácia Docente para Práticas Inclusivas: Validação da Teacher Efficacy for Inclusive Practices (TEIP) Scale. Revista Brasileira de Educação Especial [online]. 2020, vol. 26, no. 1, pp. 1-16 [viewed 18 October 2023]. https://doi.org/10.1590/s1413-65382620000100001. Available from: https://www.scielo.br/j/rbee/a/RnbhXg4VdQwF9FTmgYK5Hqv/     

Para ler o artigo, acesse

MARTINS, BSA, CHACON, M.C.M. Sources of Teacher Self-Efficacy in Teacher Education for Inclusive Practices. Paidéia (Ribeirão Preto) [online]. 2021, vol. 31, e3109 [viewed 18 October 2023]. https://doi.org/10.1590/1982-4327e3109. Available from: https://www.scielo.br/j/paideia/a/496fJLkyQMRdkMLLmxtXD6d/

Links externos

Paidéia: https://www.scielo.br/j/Paidéia/  

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Programa de Pós-Graduação em Educação – UFMS: https://ppgecpan.ufms.br/

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

MARTINS, B.A. Autoeficácia docente é elemento fundamental para a efetivação da educação inclusiva [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2023 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2023/10/18/autoeficacia-docente-e-elemento-fundamental-para-a-efetivacao-da-educacao-inclusiva/

 

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