Daiane de Souza Alves, Assistente de Comunicação da Revista Almanack, Doutoranda em História na UFOP, Belo Horizonte, MG, Brasil
O que teria ocorrido com as independências hispano-americanas se os exércitos espanhóis tivessem se unido às forças imperiais portuguesas assentadas no Brasil? Esta é uma questão que Marcela Ternavasio se coloca para a proposição de seu livro recém-lançado: Los juegos de la política: Las independências hispanoamericas frente a la contrarrevolución (Prensas de la Universidad de Zaragoza y Siglo Veintiuno Editores Argentina, 2021). Não se trata, certamente, de tecer hipóteses sobre o não ocorrido, mas sim de colocar em perspectiva contra fática as lógicas políticas que estiveram em jogo no contexto entre a queda do império napoleônico (1814) e as revoluções liberais ibéricas em 1820 que impactaram fortemente nos processos independentistas ibero-americanos. As tramas políticas e diplomáticas são o fio condutor que a autora busca para analisar as redes e conexões entre as potências europeias e o mundo Atlântico Sul, particularmente as praças do Rio de Janeiro, Montevideo e Buenos Aires. Seria possível pensar em um pacto luso-hispânico a partir de 1814 até 1820? O período é conhecido como da primeira Restauração, da tentativa das casas monárquicas europeias em restaurar as monarquias dilaceradas e desgastadas pelas guerras e, sobretudo, pela Revolução Francesa.
Na verdade, como nos lembra Marcela, a coalizão antirrevolucionária nunca ocorreu e, além disto, as independências impuseram um novo curso e paradigma político no mundo ibero-americano. Neste sentido, a obra não pretende abrir um campo de suposições sobre futuros possíveis, mas compreender à contrapelo os dilemas, as inseguranças e as experiências dos agentes históricos naquele presente de incertezas. Era a crise do tempo, o tempo dos jogos da política.
O caminho de investigação foi longo e complexo e contou com a aproximação e conexão entre a diplomacia, a política e a guerra. A estratégia de narrativa foi a de contar este enredo em tempo presente como forma hermenêutica para alinhavar os fatos, os protagonistas e o contexto. O livro está dividido em três partes e um epílogo nas quais se discute as alternativas projetadas, os entraves ao matrimônio dinástico entre as casas de Bragança e de Borbón e, finalmente, a revolução liberal de 1820 e a frustração da aliança monárquica possível.
Sem dúvida, uma leitura provocativa, ousada e instigante para os iniciados, especialistas em História Ibero-americana, mas também para os bons leitores interessados nos debates sobre revoluções, contrarrevoluções e independências. Convidamos a tod@s para uma conversa entre a autora, Profª Drª Marcela Ternavasio (UNR/CONICET) e a pesquisadora Profª Drª Andréa Slemian (Unifesp). Dia 30 de novembro às 17:00 (Horário de Brasília). Inscrições por e-mail: almanack.cppghis@ufop.edu.br.
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