Notas sobre as guerras de independência do Brasil e a formação do Estado e da nação

Daiane de Souza Alves, Assistente de Comunicação da Revista Almanack, Doutoranda em História pela UFOP, Belo Horizonte, MG, Brasil.

Logo especial do periódico Almanack em homenagem ao bicentenário da independênciaApesar de sua importância na formação dos Estados nacionais modernos, as guerras de independência do Brasil nunca foram tratadas como aspectos formadores de sua história social e de formação do Estado e da nação. A despeito de não terem se tornado o objeto da historiografia sobre a independência do Brasil e de muitas vezes se consolidarem enquanto interpretações residuais e fragmentadas da história dessas guerras, tais ausências e matrizes estiveram diretamente relacionadas ao cânone interpretativo de que a separação política entre Brasil e Portugal foi um processo negociado e pacífico.

Com objetivo de lançar luz sobre essas questões, a partir da leitura crítica da obra de Hélio Franchini Neto, “Independência e morte: política e guerra na emancipação do Brasil (1821-1837)”, João Paulo Garrido Pimenta explora, em seu artigo As guerras de independência do Brasil: notas sobre sua história e historiografia o contexto de escrita da história da independência do Brasil e o papel da guerra na historiografia clássica. Revisita, para isso, os trabalhos de Francisco Adolfo de Varnhagen e Nelson Werneck Sodré, de maneira a compreender como a historiografia clássica interpretou e consagrou a história das guerras de independência em seus trabalhos.

A partir desses dois exemplos, Pimenta pretendeu demonstrar que, ainda que em perspectivas diferentes, a historiografia sobre a emancipação política do Brasil convergia à interpretação de que a independência se tratou de um movimento conservador ao qual não poderia ser atribuído centralidade à guerra ou a outros conflitos militares.

Partindo do livro de Franchini Neto (2019), o autor chega à conclusão de que o livro é “o melhor escrito sobre as guerras de independência”. Nesse sentido, Neto se destacou ao explorar o caráter violento do processo de Independência, a despeito da historiografia clássica que entendeu e solidificou a memória da separação política como um processo pacífico. Entendendo que o Brasil nasceu como Estado e como nação, também pela guerra.

Revista das tropas brasileiras destinadas a combater os rebeldes em Montevidéu. Óleo sobre papel colado sobre tela (41,6 x 62,95 cm) de Jean-Baptiste Debret. Domínio público, Pinacoteca de São Paulo

Imagem: Jean-Baptiste Debret.

Além disso, sua ampla pesquisa documental, o detalhamento das informações e a espacialidade dos conflitos para além das fronteiras das províncias contribui para a apresentação de afirmações contundentes em uma matéria desconhecida aos olhos da historiografia até o momento.

Ainda que considere os inúmeros ganhos historiográficos do trabalho de Franchini Neto para a história da guerra e da independência no caso do Brasil, Pimenta lê criticamente a relação exposta no texto do autor pelas comparações estabelecidas com a América hispânica, principalmente relacionadas à tópica da história de formação de um Brasil pacífico e, por isso, totalmente contrastante com a experiência de nossos vizinhos hispanos. E convida, os leitores, a interpretação dos caminhos abertos por Franchini Neto com sua obra, seja pelo caminho da guerra, das identidades políticas ou mais fundamentalmente da formação do Estado e da nação no Brasil.

 

Para ler o artigo, acesse

GARRIDO PIMENTA, J.P. As guerras de independência do Brasil: notas sobre sua história e historiografia. Almanack [online]. 2022, vol. 31, ef00922 [viewed 14 September 2022]. https://doi.org/10.1590/2236-463331ef00622. Available from: https://www.scielo.br/j/alm/a/tHBfvVHnmVTqhTvBM3mxSjy/?lang=pt

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ALVES, D.S. Notas sobre as guerras de independência do Brasil e a formação do Estado e da nação [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2022 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2022/09/14/notas-sobre-as-guerras-de-independencia-do-brasil-e-a-formacao-do-estado-e-da-nacao/

 

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