Pablo Marlon Medeiros da Silva é doutor em Administração pela Universidade Potiguar (UnP). Natal, RN, Brasil.
Janaína Gularte Cardoso, doutoranda em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianópolis, SC, Brasil.
Gabriel Horn Iwaya, doutorando em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianópolis, SC, Brasil.
Brena Samara de Paula, graduada em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UFRN). Natal, RN, Brasil.
Arthur William Pereira da Silva, doutor em Administração pela Universidade Potiguar (UnP). Natal, RN, Brasil.
Wanderson Fernandes Modesto de Oliveira, doutorando em Administração pela Universidade Potiguar (UnP). Natal, RN, Brasil.
A crise que envolve o refúgio no mundo acirrou os debates globais acerca da integração eficaz dos refugiados nos países receptores nos últimos anos. No Brasil, alvo deste estudo, Silva et al. (2020) estimam que mais de 30 mil pessoas, das mais diversas nacionalidades, estão em situação de refúgio.
Para aumentar as chances de uma integração bem-sucedida, o emprego é considerado pela literatura um fator-chave para a integração eficaz de refugiados no país anfitrião (AGER; STRANG, 2008; LEE et al., 2020). Neste ínterim, aborda-se a questão sob a égide da teoria da estrutura relacional da gestão da diversidade de Syed e Özbilgin (2009), a qual defende que uma maior probabilidade de gestão eficaz da diversidade ocorre quando existe o alinhamento dos suportes estrutural, institucional e individual, envolvendo a participação de todos os atores sociais na integração das pessoas no ambiente de trabalho.
Dessa forma, o artigo Barreiras ao emprego de refugiados no Brasil e seus impactos na integração de longo prazo (Revista Brasileira de Estudos de População, vol. 39, pp. 1-24, 2022) visa compreender como barreiras individuais, nacionais e organizacionais e suas inter-relações impactam o emprego de refugiados no mercado de trabalho brasileiro, com base na teoria da estrutura relacional da gestão da diversidade de Syed e Özbilgin (2009).
No intuito de entender tal questão, apresenta uma revisão de literatura que inclui a gestão da diversidade e a necessidade de um olhar multinível para sua eficácia, incluindo aspectos individuais, nacionais e organizacionais.
A partir de uma abordagem qualitativa, o estudo revela que fatores macronacionais, meso-organizacionais e microindividuais estão interligados e podem afetar programas de gestão da diversidade implementados no Brasil em relação aos refugiados.
Cabe destacar que os refugiados foram unânimes em dizer que o idioma e a não transferência de habilidade foram o principal obstáculo individual que encontraram ao chegar ao Brasil. Eles também afirmam que existe uma retórica política xenófoba que se entrelaça com diferentes narrativas sociais, o que pode resultar em maior discriminação e menos oportunidades de trabalho.
No nível organizacional, os estereótipos compartilhados entre gestores e integrantes são um dos principais fatores de exclusão no mercado de trabalho, favorecendo uma série de problemas, como preconceito, racismo e discriminação.
Para mais, os achados desta pesquisa indicaram a prevalência de barreiras nacionais sobre a exclusão do trabalho para refugiados, sendo que essas podem potenciar fatores de exclusão a nível individual e organizacional.
Finalmente, o governo brasileiro apareceu como um dos principais obstáculos nacionais à integração, desempenhando um papel particularmente importante na estrutura relacional.
Referências
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Para ler o artigo, acesse
DA SILVA, P.M.M., et al. Barreiras ao emprego de refugiados no Brasil e seus impactos na integração de longo prazo. Revista Brasileira de Estudos de População [online]. 2022, vol. 39 [viewed 01 September 2022]. https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0210. Available from: https://www.scielo.br/j/rbepop/a/6P3hmfryxSrPhPYMRvMx5pD/
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