Maurílio de Abreu Monteiro, professor titular do Programa de Pós-graduação em Planejamento e Desenvolvimento Regional e Urbano na Amazônia (PPGPAM), Unifesspa, Marabá, PA, Brasil.
O estudo Capacidades endógenas, trajetórias tecnológicas e planos corporativos: limites a estratégias de desenvolvimento para a Amazônia, desenvolvido em 2021 e publicado pela Revista Brasileira de Inovação (vol. 21), dialoga com as teorias que concebem as inovações como decisivas em processos de desenvolvimento e que são fundamentalmente derivadas de processos endógenos e multidimensionais de interação com efeitos acumulativos, os quais são caracterizados por feedbacks complexos entre descoberta, invenção, inovação e difusão.
Tal abordagem teórica influenciou os mais relevantes e recentes programas para a Amazônia, como o Programa Amazônia Sustentável e o Macro ZEE da Amazônia Legal. Diante da necessária reorganização das estratégias para a conservação e o desenvolvimento da Amazônia, o estudo aponta limites desses planos demonstrando que o potencial endógeno de inovação, trajetórias tecnológicas e padrões de reprodução regional de agentes relevantes não foram devidamente aquilatados.
Os achados apresentados encontram-se ancorados na regionalização de padrões referentes à combinação em nível subnacional de capacidades e de variedades de fontes de inovação e sua confrontação com as estratégias territoriais analisadas; na explicitação de trajetórias tecnológicas e de racionalidades que organizam a reprodução de agentes social e economicamente relevantes na Amazônia brasileira.
O estudo evidencia tanto a fragilidadede articulações inovativas sustentadas pela racionalidade industrialista na Amazônia, quanto os limites da indução de dinâmicas inovativas de base local, uma vez que padrões de inovação não são facilmente transferíveis de um território para outro, especialmente quando se considera a complexa configuração histórica e social da Amazônia, a qual envolve heterogeneidade de agentes econômicos, uns submetidos àquela racionalidade, e outros, a razões distintas dela.
Permanece aberta e é premente a formulação de estratégias capazes de impulsionar um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia pautado pela valorização de potenciais endógenos e do patrimônio natural do bioma, além do aporte de investimentos em CT&I, o que demanda capacidade teórica e empírica para integrar: a diversidade de agentes e de estruturas; os padrões de interação entre eles; as capacidades ligadas a alternativas reais de inovação em bases endógenas; as estratégias empresariais das grandes corporações; e a interrelação entre as conexões extrarregionais.
Referências
Science Panel for the Amazon. 2021. Amazon Assessment Report 2021. Nobre C., et al. United Nations Sustainable Development Solutions Network, New York, USA. Available from: https://www.theamazonwewant.org/amazon-assessment-report-2021/
Para ler o artigo, acesse
MONTEIRO, M.A. Capacidades endógenas, trajetórias tecnológicas e planos corporativos: limites a estratégias de desenvolvimento para a Amazônia. Rev. Bras. Inov. [online]. 2022, vol. 21, e022013 [viewed 05 September 2022]. https://doi.org/10.20396/rbi.v21i00.8666824. Available from: https://www.scielo.br/j/rbi/a/qjNBHdy7C8htxmChCK4hwfR/
Links externos
Maurílio Monteiro – Research Gate: https://www.researchgate.net/profile/Maurilio-Monteiro
Revista Brasileira de Inovação: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rbi/index.
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Últimos comentários