Uma pausa para reavaliação: desdobramentos e parcerias poéticas de Hélio Oiticica

André Pitol, Mestre e bacharel em Artes Visuais, São Paulo, SP, Brasil

Frederico Coelho é professor nos cursos de Literatura e Artes Cênicas e da Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, no Departamento de Letras da PUC–Rio. Com experiência em História (área que é graduado e realizou seu mestrado, ambos na UFRJ), em Literatura (com o doutorado pela PUC–Rio), construiu ampla trajetória de pesquisa sobre temas como a história cultural brasileira, o pensamento crítico brasileiro, a música popular, a memória e práticas culturais, as artes visuais e a literatura, o Tropicalismo e cultura marginal, sendo estes últimos os temas de sua investigação atual, “Contracultura e experimentalismo no Brasil – rupturas, releituras e permanências”.

O tema da cultural marginal e do Tropicalismo permitiu a Coelho aprofundar uma investigação sobre a produção artística de Hélio Oiticica, divulgada em uma série de artigos, assim como nas publicações Eu, Brasileiro, confesso minha culpa e meu pecado – cultural marginal no Brasil 1960 e 1970 (2010), Livro ou Livro-me – os escritos babilônicos de Hélio Oiticica (2010) e a organização do livro Conglomerado-Newyorkaises (2013), feita com Cesar Oiticica Filho.

É também sobre Hélio Oiticica a participação de Frederico Coelho no Seminário organizado pela ARS – revista de Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da ECA, realizado no Instituto de Estudos Avançados (SP) entre os dias 25 e 27 de outubro de 2017. A entrevista com o pesquisador foi gravada durante o evento, ocasião na qual apresentou o trabalho “1970: pause/play”, artigo publicado na revista que investiga o período de transição de Oiticica, no qual o artista permanece no Rio de Janeiro depois de várias viagens e exposições internacionais e antecedendo o longo período em que viveria em Nova Iorque.

Além dos títulos já mencionados, Coelho também é autor de Hélio Oiticica: um escritor em seu labirinto, de 2009, e Hélio Oiticica: o desejo do livro, de 2014. Para escrever sobre a trajetória de Oiticica durante o ano de 1970, o autor parte de textos já consagrados como fortuna crítica do artista, como A invenção de Hélio Oiticica, de Celso Favaretto (2000), Lygia Clark – Hélio Oiticica, organizado por Luciano Figueiredo (1996) e Arte brasileira hoje (situações e perspectivas), organizado por Ferreira Gullar (1973).

Esse “interregno carioca” (COELHO, 2017, p. 133), como propõe o autor, funcionou como um momento de balanço de muito do que o artista vinha produzindo, assim como a possibilidade de abertura de novas frentes de ação poética e de seus objetivos críticos e teóricos. Um dos pontos centrais da abordagem de Frederico Coelho sobre Oiticica é enxergar que seu desdobramento poético em direção ao “experimental” (COELHO, 2017, p. 134) sempre foi feito em meio a outros atores da cena, de modo que sua fabricação de ideias, de referenciais e de habilidades estiveram relacionadas ao contexto e à rede em torno do artista. Tanto o distanciamento de parceiros que naquele momento não se encontravam no Brasil, como Lygia Clark, quanto a aproximação e o contato com personagens como Rogério Sgarzela, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Antônio Carlos Fontoura, Ivan Cardoso, Neville d’Almeida, Jards Macalé, Waly Salomão, fariam parte das novas formas de trabalhar de Oiticica – através do cinema, das artes cênicas, da música, da literatura e do design – na produção de figurinos, cenários e filmes, na diagramação de livros e de registros literários, ou seja, evidenciando seu “estado criativo multimídia” (COELHO, 2017, p. 146).

Referências

COELHO, F. Hélio Oiticica: um escritor em seu labirinto. Sibila. 2009. Disponível em: http://sibila.com.br/critica/helio-oiticica-um-escritor-em-seu-labirinto/3187.

COELHO, F. Livro ou livro-me: os escritos babilônicos de Hélio Oiticica. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2010.

COELHO, F. Hélio Oiticica: o desejo do livro. O percevejo. 2014. Disponível: em: http://www.seer.unirio.br/index.php/opercevejoonline/article/view/5062

FAVARETTO, Celso. A invenção de Hélio Oiticica. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 2000.

FIGUEIREDO, Luciano (org.). Lygia Clark – Hélio Oiticica: cartas 1964-74. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996.

GULLAR, Ferreira (Org.). Arte brasileira hoje (situações e perspectivas). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1973.

Para ler o artigo, acesse

COELHO, F. 1970: pause / play. ARS (São Paulo) [online]. 2017, vol.15, n.30, pp.133-147. [viewed 23 November 2017]. ISSN 1678-5320. DOI: 10.11606/issn.2178-0447.ars.2017.134367. Available from: http://ref.scielo.org/ggcprk.

Link externo

ARS (São Paulo) – ARS: www.scielo.br/ars

Sobre André Pitol

André Pitol

André Pitol

André Pitol, pesquisador em artes. Mestre em História, Teoria e Crítica de Arte (2016) e bacharel em Artes Plásticas com habilitação em Gravura (2013), ambos pela ECA-USP. Entre 2011 e 2016, desenvolveu extensa investigação histórica, biográfica e artística sobre a produção fotográfica de Alair Gomes. Atualmente desenvolve projetos gráficos editoriais para livros e outras publicações. São Paulo, São Paulo, Brasil. E-mail: pitolpitolpitol@gmail.com

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

PITOL, A. Uma pausa para reavaliação: desdobramentos e parcerias poéticas de Hélio Oiticica [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2017 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2017/11/29/uma-pausa-para-reavaliacao-desdobramentos-e-parcerias-poeticas-de-helio-oiticica/

 

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